Contas de luz sobem, em média, 23,4% no país a partir de hoje.

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Os brasileiros já estão pagando mais pelas contas de luz. Com a
entrada em vigor da revisão extraordinária das tarifas aprovada pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na última sexta-feira (27), as contas subiram, em média, 23,4%.
Para os consumidores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a alta é de
28,7%, na média – 4,5 vezes maior que a aplicada para aqueles que vivem
em estados do Norte e Nordeste, que será de 5,5%, também na média.
Essa diferença ocorre porque os consumidores das três primeiras
regiões terão mais custos para cobrir com essa revisão extraordinária.
Um exemplo é a energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu, que atende a
todo o país e foi reajustada em quase 50% em 2015, mas que é repassada
apenas às contas de luz de moradores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Ao todo, a Aneel autorizou o reajuste das tarifas de 58 das 63
distribuidoras de energia do país. Os cerca de 1,2 milhão de
consumidores daAES Sul, que atende em 118 cidades do Rio Grande do Sul,
terão o maior reajuste, de 39,5%.
Entre as maiores distribuidoras, os mais altos são da Copel (36,4%), que atende a clientes no Paraná, da Eletropaulo (31,9%), que atua em São Paulo, e da Cemig (28,8%), que atende a consumidores de Minas Gerais. Veja, abaixo, lista das distribuidoras e respectivo reajuste.
Clientes de quatro distribuidoras não foram atingidos pelo reajuste
extra das contas de luz. Os da CEA, do Amapá, porque a empresa não pediu
à Aneel a revisão extraordinária. Já os da Amazonas Energia (AM), Boa
Vista e CERR (RR), estão livres porque vivem em regiões que não são
atendidas pelo Sistema Interligado Nacional (SIN), rede de linhas de
transmissão que liga o país, e por isso não participam do rateio de
contas do setor.
Aumento extra
As revisões extraordinárias aprovadas na sexta representam um aumento
extra nas contas de luz, aplicado quando há risco de desequilíbrio nas
contas das distribuidoras. Portanto, os consumidores podem esperar por
nova alta em suas tarifas ao longo de 2015, pois a Aneel ainda vai
autorizar o reajuste ordinário, aquele que já ocorre uma vez por ano.
Das 63 distribuidoras, 6 já passaram, em fevereiro, pelo reajuste ordinário. A Ampla,
que atende cidades do interior do Rio de Janeiro, vai ter os reajustes
ordinário e extraordinário aprovados juntos ainda no mês de março, por
isso não consta da lista divulgada pela Aneel na sexta.
A revisão aprovada na semana passada vai permitir que as
distribuidoras arrecadem, de imediato, recursos para cobrir custos com a
compra de energia de Itaipu, novos contratos de suprimento de
eletricidade firmados em leilões recentes, além de ações do governo
financiadas pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Pela regra, as distribuidoras deveriam bancar essas contas para,
depois, serem ressarcidas no reajuste anual, mas elas alegam não ter
recursos. Ou seja, essas despesas bilionárias já seriam repassadas aos
consumidores mas, com a revisão extraordinária, isso ocorre antes.
Também na sexta, a Aneel aprovou a previsão de orçamento da CDE para
2015. E determinou que os consumidores paguem, via contas de luz, R$
22,06 bilhões para o fundo.

O dinheiro vai financiar, entre outras ações, o programa Luz para Todos,
o subsídio à tarifa de famílias de baixa renda, combustível para usinas
termelétricas do Norte do país e o pagamento de indenizações a
empresas.
Consumidores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste vão pagar 80% desse
valor. Aos consumidores do Norte e Nordeste, será repassado 20% do
total. A arrecadação dos R$ 22,06 bilhões será feita ao longo de 2015.
Equilíbrio
O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, afirmou que o reajuste extra vem
corrigir “eventos que perturbam o equilíbrio econômico e financeiro das
distribuidoras”, entre os quais o repasse da CDE “é o principal item.”
“Com essas decisões que estão sendo tomadas, completamos o ciclo para
alcançar a sustentabilidade do setor elétrico por meio da tarifa”,
disse Rufino.
A medida faz parte dos esforços do governo para equilibrar as contas
públicas e reverter o processo de perda de credibilidade. No caso do
setor elétrico, isso significa suspender ajuda financeira às
distribuidoras, por meio de recursos do Tesouro, e promover o chamado
“realismo tarifário”, ou seja, repassar às tarifas todos os custos do
setor.
Veja a lista das distribuidoras e o respectivo aumento:
AES Sul – 39,5%
Bragantina – 38,5%
Uhenpal – 36,8%
Copel – 36,4%
RGE – 35,5%
CNEE – 35,2%
Cocel – 34,6%
Muxfeldt – 34,3%
Demei – 33,7%
Caiua – 32,4%
Forcel – 32,2%
Eletropaulo – 31,9%
CFLO – 31,9%
Hidropan – 31,8%
CPFL Paulista – 31,8%
EDEVP – 29,4%
CPFL Piratininga – 29,2%
Cemig – 28,8%
Enersul – 27,9%
DME-PC – 27,6%
Celg – 27,5%
Eletrocar – 27,2%
Eflul – 27%
Energisa MG – 26,9%
Cemat – 26,8%
Escelsa – 26,3%
ENF – 26%
Bandeirante – 24,9%
Celesc – 24,8%
Elektro – 24,2%
CEB – 24,1%
Ienergia – 23,9%
CJE – 22,8%
Light – 22,5%
CEEE – 21,9%
CSPE – 21,3%
Chesp – 21,3%
Santa Maria – 21%
Eletroacre – 21%
Cooperaliança – 20,5%
Joaocesa – 19,8%
CPEE – 19,1%
Ceron – 16,9%
Mococa – 16,2%
Coelce – 10,3%
CPFL Santa Cruz – 9,2%
Energisa SE – 8%
Sulgipe – 7,5%
Energisa Borborema – 5,7%
Coelba – 5,4%
Ceal –  4,7%
Celtins – 4,5%
Energisa PB – 3,8%
Celpa – 3,6%
Cepisa – 3,2%
Cemar – 3%
Cosern – 2,8%
Celpe – 2,2%
Bandeiras tarifárias
A Aneel já havia tomado na sexta uma outra decisão que implica em aumento das contas de luz para os brasileiros ao aprovar o aumento na taxa extra das bandeiras tarifárias,
cobrada nas contas de luz quando há aumento no custo de produção de
energia no país. Os novos valores, agora oficiais, também começam a
valer nesta segunda-feira (2) e são os mesmos propostos no início de
fevereiro, quando o assunto foi levado a audiência pública.

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