Estudante da EREM Teresa Torres, em Itapetim, dá lição de perseverança e cidadania e é destaque na Educação de Pernambuco.

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Este
sábado (15) será um dia especial para os estudantes do EJA Médio da
EREM Teresa Torres, em Itapetim, Sertão pernambucano. Nesse dia, será a
formatura da turma que, de modo especial, ficará marcada na história de
três pessoas que, juntas, batalharam pela realização de um sonho. O
sonho de Adilson Campos, 32 anos, que para muitos pode parecer simples,
não poderia ter se tornado real sem o esforço da sua mãe, a dona de casa
Leila Campos, 48 anos, e seu instrutor, Fabiano Amorim, 38. O trio se
tornou símbolo de persistência e cidadania no município, que comemora a
vitória de Adilson, apesar das dificuldades. 

As
limitações físicas de Adilson, nascido com paralisia cerebral que afeta
seus movimentos motores e  dicção, nunca foram empecilho para o
aprendizado. Sempre disposto a conhecer pessoas, o comunicativo jovem
aprendeu a ler e escrever em casa, com sua mãe. “Ele sempre foi curioso,
adora computador e internet. Sem os movimentos das mãos,  aprendeu a
digitar com o queixo e a vontade de frequentar a escola era lembrada
todos os dias, mas era algo impossível, pois ele é cadeirante e não
havia acessibilidade para ele nem na rua, nem na escola”, relembra Leila
contanto a trajetória do filho.
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 Em
2008, a Escola de Referência em Ensino Médio  (EREM) Teresa Torres
recebeu rampas de acesso, e o desejo de frequentar a escola só crescia.
Em 2011, o professor de Língua Portuguesa Fabiano Amorim entrou na vida
de Adilson. “A escola estava adaptada, mas ele precisava de
acompanhamento em tempo integral durante as aulas, e em horário extra
para a realização de trabalhos e outras tarefas. A Gerência Regional
Sertão Alto Pajeú (Afogados) entrou em contato comigo perguntando se
toparia ser o monitor de um estudante com deficiência. Topei o desafio”,
conta Fabiano, que na época atuava como professor do Projovem.  “Fiz
capacitações, cursos de libras e me debrucei sobre artigos sobre a
Educação Especial. A entrada de Adilson na escola representou
transformação na  vida dele, na minha vida e de todos da unidade”. 

Após
a realização de um exame para pedir os conhecimentos do jovem
estudante, Adilson ingressou no 6º e 7º ano do ensino fundamental, no
modo supletivo, quando surgiu mais um desafio. “Não possuíamos o 8º e 9º
ano no supletivo, e ele teria que se mudar de escola, o que
representaria o fim do meu acompanhamento e uma quebra em todo o
processo a que ele já estava adaptado. Foi assim que ele topou ficar na
escola e cursar os últimos anos do ensino fundamental nas séries
regulares, com estudantes mais jovens que ele. No começo tínhamos medo
que os outros alunos não o aceitassem bem, mas com seu carisma e
simpatia, Adilson conquistou a todos”, relembra Fabiano, que fala da
amizade e da admiração pela família do jovem. “Hoje somos amigos. Ganhei
a confiança dele e de toda família. A mãe dele também é um exemplo de
força e determinação. Ela foi atrás dos diretos do filho e com seu
esforço conseguiu fazer como que as vias públicas da cidade possuam
rampas de acesso. É uma guerreira.  Adilson não é a única pessoa com
deficiência em Itepetim. A diferença entre ele e os outros é a coragem e
o apoio da família, pois muitos jovens como ele não estudam, não saem
de casa”, explica Fabiano.
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Em
fase de conclusão do 3º módulo da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Médio, Adilson é só alegria. Ele agora se prepara para sua formatura no
Ensino Médio deixando uma lição para todos da cidade, a de não desistir
dos seus sonhos.  “Toda a vida eu senti vontade de estudar numa escola
pública de ter uma turma de amigos. Tive tanta vontade que consegui.
Tirei notas boas em todas as matérias e hoje estou muito feliz com meu
sonho realizado”, declara Adilson, confessando que sua matéria preferida
é Biologia.



para Leila, Adilson é motivo de orgulho. “Meu filho é muito querido por
todos da cidade. Com sua cadeira motorizada, ele vai e volta para a
escola. Adora ficar na praça  conversando com os amigos que o ajudam em
tudo. O sonho dele era frequentar a escola para fazer amizades e hoje é
tem uma vida social movimentada. Quase não para em casa.  No passado,
alguém poderia achar que meu filho não era capaz de estudar, não era
capaz de seguir em frente. Hoje temos muito orgulho de afirmar que sim,
ele é capaz,” comemora a mãe
 
Por Cauê Rodrigues.

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