Um texto publicado na revista “Crônicas de Los Tiempos”, no ano
de 2002, relata uma história que se passa no ano de 2070, onde não
existe mais água. Um futuro triste e sombrio, onde a humanidade sofre
com a falta de várias coisas, como saúde, beleza, higiene da forma como
conhecemos hoje e a água.
de 2002, relata uma história que se passa no ano de 2070, onde não
existe mais água. Um futuro triste e sombrio, onde a humanidade sofre
com a falta de várias coisas, como saúde, beleza, higiene da forma como
conhecemos hoje e a água.
É sem dúvida alguma um texto para refletir no futuro da humanidade e
como se tem tratado um dos bens mais preciosos que se tem hoje em dia.
como se tem tratado um dos bens mais preciosos que se tem hoje em dia.
Estamos no ano de 2070, acabo de completar os 50, mas a minha
aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo
muito pouca Água. Creio que me resta pouco tempo.
aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo
muito pouca Água. Creio que me resta pouco tempo.
Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo
quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos
parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um
banho de chuveiro com cerca de uma hora. Agora usamos toalhas em azeite
mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua
formosa cabeleira. Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem
água.
quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos
parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um
banho de chuveiro com cerca de uma hora. Agora usamos toalhas em azeite
mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua
formosa cabeleira. Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem
água.
Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma
mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa
forma.
mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa
forma.
Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só
que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar.
que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar.
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.
Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era
oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A
roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo;
tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século
passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.
oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A
roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo;
tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século
passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos,
enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios
ultravioletas que já não têm a capa de ozono que os filtrava na
atmosfera.
enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios
ultravioletas que já não têm a capa de ozono que os filtrava na
atmosfera.
Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático.
As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário.
Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas.
A comida é 80% sintética. Pela ressiquidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.
Os cientistas investigam, mas não há solução possível.
Não se pode fabricar água, o oxigénio também está degradado por
falta de árvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas
gerações.
falta de árvores o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas
gerações.
Alterou-se a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos,
como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e
deformações.
como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e
deformações.
O governo até nos cobra pelo ar que respiramos. 137 m3 por dia por habitante e adulto.
A gente que não pode pagar é retirada das “zonas ventiladas”, que
estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com
energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade
média é de 35 anos.
estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com
energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade
média é de 35 anos.
Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu
respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exercito, a água tornou-se
um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro ou os diamantes.
respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exercito, a água tornou-se
um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro ou os diamantes.
Aqui em troca, não há arvores porque quase nunca chove, e quando
chega a registar-se precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano
tem sido severamente transformadas pelas provas atómicas e da industria
contaminante do século XX.
chega a registar-se precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano
tem sido severamente transformadas pelas provas atómicas e da industria
contaminante do século XX.
Advertia-se que havia que cuidar o meio ambiente e ninguém fez caso.
Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem
descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do
agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens,
beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente.
descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do
agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens,
beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente.
Ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a água? Então, sinto um
nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à
geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não
tomámos em conta tantos avisos.
nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à
geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não
tomámos em conta tantos avisos.
Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio
que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a
destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a
destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade
compreendesse isto quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso
planeta terra!”
compreendesse isto quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso
planeta terra!”
Documento extraído da revista biográfica “Crônicas de los Tiempos” de Abril de 2002.
(*) Rádio Pajeú.