Opinião do Peninha. Campanha da Fraternidade 2017.

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Fugindo um pouco dos assuntos rotineiros, aproveitamos a Quaresma
para tratarmos do tema escolhido pela Igreja católica para a Campanha da
Fraternidade deste ano.

“Deve haver relação respeitosa com a vida, o meio ambiente e a
cultura dos povos nativos. Esse é precisamente, um dos maiores desafios
em todas as partes da terra, até porque a degradação do ambiente é
sempre acompanhada pelas injustiças sociais. O desafio global pela
preservação, pelo qual passa hoje toda a humanidade, exige o
envolvimento de cada pessoa com a comunidade. Os povos originários de
cada bioma, ou que tradicionalmente neles vivem, oferecem exemplo claro
de como a convivência com a criação é possível e deve ser respeitosa” –
afirmou o Papa Francisco em sua mensagem á Igreja do Brasil, por ocasião
da abertura da campanha da Fraternidade no início desta Quaresma.

O tema da Campanha foi assim apresentado pela Conferência dos bispos
do Brasil: “Fraternidade, biomas brasileiros e defesa da vida”, com o
lema: “Cultivar e guardar a criação”. Esse tema foi surpreendentemente
tratado, com extensão e profundidade, já na encíclica papal “Laudato
si”, de 24 de maio de 2015, com abundantes referências aos ensinamentos
do Papa João Paulo II e do episcopado mundial.

São seis os biomas brasileiros, cada vez mais destruídos pela ação
predatória do homem: a mata atlântica, em todo o litoral, a caatinga no
interior do Nordeste, o cerrado no centro do país, onde está Brasília, o
pampa no Sul, o pantanal na região do Mato Grosso e a mata amazônica
sobretudo no Amazonas e Pará. É a urbanização e a expansão das
atividades agropecuárias, que têm provocado esse impacto destruidor
sobre os biomas brasileiros, cada vez mais expressivo, iniciado com a
colonização.

“Cada cristão – é sugestão do Cardeal de Brasília e presidente da
CNBB, Dom Sérgio da Rocha – pode viver essa campanha da Fraternidade com
simplicidade, em seu ambiente familiar, mediante ações de preservação
ambiental como, por exemplo, o cuidado com a água, seja a de beber, seja
a de uso doméstico, a preservação do seu quintal e seu jardim” – já
raros nesses tempos de edifícios e apartamentos.

Já os dois apóstolos populares do Nordeste, Pe. Cícero Romão Batista e
Pe. Ibiapina davam conselhos precisos de preservação ambiental ao povo
nordestino. Dizia o nosso querido Pe. Cícero do Juazeiro, entre outros
conselhos: “Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau; não plante em
serra acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato
protegendo a terra para que a água não o arraste e não se perca sua
riqueza; plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá
ou outra planta qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só;
aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a
favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca.”

Pelo visto, o tema é para 2017, mas os grandes conselhos da
experiência pastoral já eram transmitidos ao povo brasileiro, pelos
sábios profetas nordestinos. O recado foi dado, se não seguimos, o
problema continua sendo nosso.

Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – PE – abril de 2017.
Créditos da matéria ao parceiro Júnior Finfa.

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