Sociedade precisa debater fechamento do Hospital Psiquiátrico de Serra Talhada, diz ex-secretária de Saúde.

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Maria Socorro Cordeiro de Brito Pereira, ex-secretária de Saúde de Serra Talhada.


“Falar sobre o fechamento do Hospital
Psiquiátrico São Vicente, nos traz preocupação e angústia; como se
sentem as famílias dos pacientes/usuários quando imaginam o seu ente em
um surto psicótico, um quadro agudo de neurose ou intoxicação sem a
devida assistência? Para estes casos apenas existirão quatro leitos
disponíveis na clínica médica do Hospam
. Seriam Suficientes? Teriam a disposição uma equipe multiprofissional para dar suporte necessário?

Pois bem, vamos por parte para um
melhor entendimento: a Lei da Reforma Psiquiquiátrica nº 10.216/2001,
após 16 anos de promulgação, ainda enfrenta sérias dificuldades e vem
gerando muitos questionamentos. E visa, a referida lei, reduzir
gradativamente os leitos dos hospitais psiquiátricos e posteriormente o
fechamento dos mesmos, sendo que para que isso possa ocorrer, os
municípios precisam se preparar e implantar ou implementar toda uma rede
integrada de atenção à saúde mental  extra hospitalar, tal rede deve
ser composta pelos CAPS (CAPS transtorno, CAPS álcool e outras drogas,
CAPS infantil), residências terapêuticas, Consultórios na Rua, e estes
equipamentos devem trabalhar em total parceria e sintonia com os demais
componentes do SUS, como o PSF, NASF, UPA, hospitais conveniados e
públicos, etc.

Na verdade os poucos hospitais que
ainda atendem pacientes psiquiátricos pelo SUS estão sufocados pelo
valor da diária de apenas R$ 49,70, que não cobre as despesas
necessárias para o bom funcionamento dos estabelecimentos e com  o
fechamento  torna-se incerto o destino final dos pacientes/usuários em
crise.

Buscando Saídas

A quem recorrer? Como viabilizar um
aporte financeiro para que o Hospital Psiquiátrico São Vicente possa se
manter?  O estado, com recursos do tesouro estadual, poderia
complementar o valor pago das diárias? Para os municípios se torna mais
complicado, uma vez que os recursos do tesouro municipal são
insuficientes para cobrir as demandas da saúde da população. E
entendemos que é obrigação do Estado Brasileiro como um todo, das três
esferas de governo (federal, estadual e municipal) segundo a
Constituição Federal  “cuidar” da saúde da população.

Com a desassistência e desumanização
por falta do tratamento, fatalmente os pacientes em surto farão aumentar
a população de rua e muitas vezes poderão se envolver em conflitos com a
lei e praticarem pequenos delitos ou mesmo crimes mais graves, o que
ocasionará transtornos sociais, e fatalmente, serão levados para as
cadeias públicas e presídios.

Finalmente, é preciso que neste
momento de crise, os gestores das diferentes esferas de governo, unam
esforços para junto a direção do Hospital Psiquiátrico São Vicente,
encontrem uma saída economicamente viável para que o mesmo possa
continuar este excelente serviço prestado aos portadores de transtorno
mental.
Do Farol de Notícias.

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