Candidatura Meirelles desagrada governistas.

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O
tom de auto-suficiência do presidenciável Henrique Meirelles na
entrevista à Veja desagradou muita gente no entorno de Michel Temer.
Antes de tudo, porque na hora em que um ministro da Fazenda se coloca
como candidato à presidência, ele decreta o fim do governo do qual faz
parte.
A
candidatura Meirelles passa a ser fator decisivo em qualquer decisão,
projeto ou discurso do governo no Congresso. Não há como um parlamentar
votar reformas e projetos – ainda mais aqueles bem impopulares – sem
levar em conta se está ou não botando a azeitona na empada do
ministro-candidato, que disputa essa condição com os demais
presidenciáveis, como Geraldo Alckmin, Lula, Ciro Gomes, etc. Como
agirão os tucanos?


Mas
a entrevista de Meirelles desagradou os aliados mais chegados sobretudo
pela forma como ele não tratou Michel Temer. O ministro falou à revista
na posição de dono e senhor da política econômica do governo – o que
hoje quer dizer de todo o governo -, único tributário de seus
hipotéticos e futuros sucessos. Falou como uma espécie de candidato a
salvador da pátria, aquele personagem que, se tudo der certo, passará à
história por ter resgatado sozinho a economia. Comportou-se como
ministro de um governo sem presidente.


Ainda
que soterrado pela baixa popularidade e pelas denúncias que o atingem,
Michel gostaria de ter influência em sua própria sucessão. Ainda que sua
presença dificilmente vá render votos a alguém, ele tem a caneta e o
poder de atrapalhar.


Temer
poderia apoiar uma eventual candidatura de Meirelles? Claro que
poderia, mas se isto for o melhor para ele e o seu PMDB. Ou seja, se a
aliança a ser formada em torno dela representar alguma vantagem – como,
por exemplo, uma legislação atenuando a Lava Jato no Congresso e uma
situação confortável em palanques estaduais. Esse quadro ainda não está
claro, e tudo indica que Meirelles, filiado ao PSD, fará o jogo de
Gilberto Kassab no xadrez eleitoral – que pode não ser o mesmo de Michel
Temer.


É
por isso que Meirelles é hoje um candidato em teste. Posicionou-se na
tentativa de entrar nas pesquisas e obter alguma pontuação – o que, até
agora, não conseguiu. Se o establishment e o mercado votassem, estaria
eleito. Mas é bom não perder de vista que quem vota é o povo.
Por Helena Chagas – Blog Os Divergentes.

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