Quem caiu no conto da Previdência?

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Todo
mundo sabe, em Brasília, que esta última tentativa de aprovar uma
reforma da Previdência é mais uma conversa para o mercado dormir.
Soterrado na impopularidade e vendo sua base parlamentar definhar depois
de duas pesadas votações para enterrar as denúncias contra o presidente
Michel Temer, o Planalto não podia perder o discurso da reforma – sob
pena de o PIB começar a se perguntar a razão pela qual ainda apóia esse
governo.
 
O
mercado acreditou na conversa de que, agora, seria possível votar a
reforma. Ou pelo  menos fingiu acreditar. A mídia, favorável à reforma,
entrou na alucinação coletiva dos  governistas – até porque não quer ser
responsabilizada por qualquer fracasso. Mas todo mundo sabe que não há,
e nem haverá, 308 votos de deputados favoráveis a uma reforma da
Previdência.

No
máximo, vai dar para sair um remendo instituindo a idade mínima e
algumas restrições à aposentadoria dos servidores. Talvez nem isso. Mas o
governo precisa tanto, mas tanto disso para ter discurso de
sobrevivência que, no limite, dará o nome de reforma da Previdência a
qualquer coisa que sair dali, mesmo que não represente nem um décimo da
economia que trazida pela PEC original. Assim é, se lhe parece.

E
não falamos ainda do Senado, que já mandou dizer que não vota o projeto
de Previdência que sair da Câmara antes de fevereiro do ano que vem.
Isso mesmo: fevereiro do ano eleitoral de 2018, quando dois terços do
Senado Federal vão ter que disputar a reeleição.

E
também não falamos nada ainda dos servidores, que estão em pé-de-guerra
com a publicidade governamental que, ao defender a reforma da
Previdência, disse que ela visa a acabar com os privilégios de quem
“ganha muito, aposenta cedo e trabalha pouco”. Comprou briga com todos,
indistintamente, talvez ainda acreditando que se trata de eleitorado do
PT. Não é mais assim. Poucos deputados vão querer comprar briga com a
categoria em ano eleitoral.

Esta
semana, o governo vai encarar sua horavda verdade em relação à
Previdência. Vai ser difícil continuar enrolando o mercado e fingindo
que tem os votos. Se nada acontecer para mudar radicalmente o quadro,
ninguém mais vai cair no conto da Previdência.
Helena Chagas – Blog Os Divergentes.

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