Mariana Teles…Eleições 2018: a saída não é pelo judiciário.

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Mariana Teles é sertaneja, advogada e poetisa.
O clima político no país nunca foi tão tóxico, pelo menos na história
recente da república. 2018 já começou ligando o start das eleições
presidenciais – um desfile de extremismos que nos empurra ao pior dos
abismos democráticos – A
comunicação dos subsistemas sociais, o jurídico e o político, legou ao
processo democrático uma ruptura absurda – nem precisa de formação
jurídica para compreender o subterfúgio político do impeachment da
Presidenta Dilma – de lá pra cá, uma sucessão de absurdos ainda piores,
para não estender essa reflexão em JBS, áudio de Jucá, áudio de Aécio,
de Temer, e o montante de gravações e delações que por si só justificam
os reais interesses do afastamento da presidenta.



Dilma,
como toda a era PT, de fato protagonizou uma sequencia de erros
políticos – que em qualquer república que não seja contaminada pela
quantidade absurda de gângster que representa a larga maioria do nosso
parlamento – seriam erros de se punir legitimamente nas urnas. Só o
processo político pode corrigir os erros políticos.



Mas
aí o congresso quis, o judiciário legitimou e depois Temer inventou
outro nome para pedalada fiscal e deixou até de ser crime de
responsabilidade.



Hoje
a pauta da vez é Lula e Bolsonaro. Nada pode denunciar tanto a nossa
ausência de opções que decidir entre essas possibilidades. Bolsonaro é a
tradução mais legítima do vazio político brasileiro. É quando a gente
procura de verdade um botão para reiniciar a república. Um absurdo
político que denuncia a fragilidade da nossa capacidade de escolha e
imaturidade do nosso eleitor.



Lula
é um divisor de águas na nossa história democrática. É impossível não
reconhecer o salto que o país deu em tantos segmentos, sobretudo a
economia e a educação sob a batuta do pernambucano de São Bernado. Mas
isso tudo anda longe de ser um salvo conduto para todos os vícios de
corrupção da era petista – vícios que andam longe de ser exclusividade
do PT – são inerentes ao sistema de sustentação política do poder que
acontece desde a câmara de vereadores de um município de 3 mil
habitantes no interior do nordeste – às casas do poder do planalto
central – é a lei da sobrevivência – precisa não só ser punida, mas
principalmente modificada – 



O
julgamento do caso do triplex se aproxima, o clima de ódio extremo e
amor extremo aumenta na mesma proporção – volto a falar dos elementos
jurídicos, é impossível e improvável (nem precisa ser jurista para
concordar) que os elementos probatórios desse processo em nada assinalam
a culpa de Lula. Foge de todo postulado do senso comum e jurídico que
na sombra da dúvida, o benefício da inocência. Não obstante, em recente
decisão de outro processo contra a empreiteira,  o imóvel entrou na
relação de bens dela (não de Lula) para leilão. Detalhe, além da
ausência inequívoca de qualquer registro ou certidão do imóvel que
afirme a propriedade de Lula, o próprio judiciário, em decisão de outro
caso, coloca o bem mais questionado e investigado na história processual
brasileira como propriedade da empreiteira, ao tempo que autoriza o seu
penhor em face da OAS.



Não
é o judiciário que vai restaurar a política. Somente a política pode
restaurar, inclusive o judiciário, e essa responsabilidade não pode ser
delegada ao ministério público e aos demais órgãos de fiscalização e
controle. TODAS essas instituições são de relevância ímpar para o
equilíbrio democrático, desde que cumpram com limites sociais e
jurídicos suas atribuições. 



Quem
pode restaurar tudo isso somos nós, eu e você, e temos data marcada
para mudar a engrenagem, trocar o óleo do motor e revisar toda a
suspensão do país. A oficina é a urna eletrônica. A ferramenta é o voto.
Os mecânicos somos nós. 



Buscar
saída política em medidas jurídicas deve ser exceção. O judiciário
precisa de ativismo quando a política e os governos falem, mas ativismo
de juiz não pode substituir a força inexorável do voto. Essa força é
nossa. Somos convocados em outubro não para bater panelas e piorar a
situação. Mas para escolher um parlamento menos investigado e corrompido
que o atual e um chefe de estado que de fato renove nossa esperança no
país.



Por
fim, já dizia uma amiga minha: voltar com o ex nunca deixou de ser
prejuízo, ele volta com os mesmos vícios e muito mais rodado. Mas é
necessário acrescentar – MUITO PIOR  que voltar com o ex é correr o
risco de escolher um próximo pelo menos parecido com BOLSONARO.

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