Escola mais polêmica do 1º dia, Tuiuti é a que ganha menos espaço no JN.

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A Globo parece ter algum problema com o
desfile da Paraíso da Tuiuti – e o noticiário exibido nesta
segunda-feira (12) no “Jornal Nacional” deixou isso evidente. A escola
que exibiu o enredo mais polêmico do primeiro dia de desfiles ganhou
apenas 35 segundos do telejornal. As demais escolas tiveram direito a
muito mais – de 53 segundos dados para a Mocidade aos 90 segundos
dedicados à Vila Isabel.

A dificuldade da emissora com o desfile
começou ainda na madrugada de segunda-feira, quando a escola passou na
avenida questionando a reforma trabalhista aprovada pelo governo Temer
em 2017.

“Meu Deus, meu Deus, está extinta a
escravidão?” perguntava o título do samba – e ele mesmo respondia que,
130 anos depois da Lei Áurea, várias situações ainda sugerem que não.
Além de falar dos trabalhadores sem carteira, a escola comparou o
presidente Temer a um vampiro e chamou de “manifestoches” os brasileiros
que foram às ruas defender bandeiras da Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo).

Os comentaristas da emissora (Fátima
Bernardes, Alex Escobar e Milton Cunha) ficaram tão sem graça que nem
mencionaram os nomes de Temer e da Fiesp. Posteriormente, no camarote da
emissora, os aspectos que mais chamaram a atenção no desfile foram
igualmente ignorados nas entrevistas com os participantes da escola.

 
Horas
depois, no jornalístico “Bom Dia Brasil”, o fenômeno se repetiu. A
emissora mostrou imagens do “vampiro neoliberalista” sem dizer que era
uma referência a Temer e exibiu a ala de “manifestoches” sem explicar o
seu contexto.

No “Jornal Hoje”, na hora do almoço, a
situação melhorou. A repórter Isabela Scalabrini explicou que a Tuiuti
apresentou um enredo com “críticas às relações de trabalho no Brasil”.
Observou que “alegorias e carros mostravam escravos e trabalhadores”. E
falou: “E nesta ala, o pato exibido pela Fiesp em manifestações. No
último carro, um protesto contra o presidente Michel Temer”.

Encerrado o “Hoje”, a Globo exibiu um
programa especial, no lugar do “Vídeo Show”, dedicado a resumir a
primeira noite dos desfiles. Apresentado por Sophia Abrão e Marcos
Veras, o desfile da Tuiuti voltou a ser um mistério para espectadores
menos atentos.

“Não sei se você sabe, mas em 2018 se
comemora os 130 anos da assinatura da Lei Áurea”, disse Veras. “Foi por
isso que a Paraíso do Tuiuti perguntou na avenida: ‘Meu Deus, meu Deus,
está extinta a escravidão?’”, emendou Sophia. “Com um desfile crítico, a
escola mostrou que este é um capítulo de nossa história que ainda não
terminou”, completou ele. E mais não foi dito nem mostrado de maneira
clara.

À noite, no “Jornal Nacional”, a escola
voltou a fazer um desfile com referências contemporâneas: “A Tuiuti
mostrou manifestantes-fantoches, criticou a reforma trabalhista e o
presidente Michel Temer”, informou o repórter Hélter Duarte. Mas teve
direito a praticamente a metade do tempo dedicado às outras seis
escolas.

Em tempo: há um ano, no Carnaval de
2017, a Paraíso do Tuiuti foi notícia por ter protagonizado um grave
acidente com um de seus carros alegóricos no Sambódromo, que deixou 20
feridos e causou uma morte. A escola ficou em 12º lugar, mas por causa
do acidente (e de outros que ocorreram nos dois dias) não houve
rebaixamento no ano.
Do Blog do Mauricio Stycer.

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