Profeta do Pajeú – Vivo fosse, Dom Francisco faria 94 anos.

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Ele não foi só
Sacerdote, Bispo a serviço da Igreja Católica. Ele foi pai, amigo e
irmão do povo do Pajeú. Não foi só doutrinador catequético, ele foi um
conselheiro, um questionador da sociedade desigual, um crítico da
política injusta. Ele não se preocupou unicamente em evangelizar. Ele
defendeu o povo do Pajeú. Defendeu, por 40 anos, a dignidade do ser
humano. Sua defesa ao povo do Pajeú atingiu o ápice ao apoiar os saques
em rede nacional de televisão, uma vez que pior seria morrer de fome.



Durante 40 anos. Por 04
décadas fez sua voz ser ouvida, nas Igrejas, nos debates, nos sermões e
através do programa “A NOSSA PALAVRA” da Rádio Pajeú. Preocupou-se com a
qualidade de vida do povo do Pajeú: sindicatos, bancos, eletricidade,
frentes de emergência para o seu povo, todos tem a sua marca.


Falo de Dom Francisco
Austregésilo de Mesquita Filho. Filho mesmo ele era de Reriutaba, no
Ceará. Mas aqui no Pajeú se fez filho para ser seu pai. A confiança
deste povo nele era tanta, que enviavam, de São Paulo ou do Rio de
Janeiro, cartas para os familiares aos cuidados de Dom Francisco.
Desafiado, fez direito e se tornou advogado.



E na formatura teve por
padrinho Dom Helder Câmara (que entrada triunfal em período ditatorial).
E advogou causas dos pobres em conflitos com os ricos. Orgulhava-se em
dizer que conhecia tanto a lei dos homens quanto a lei de Deus.



Ao lado de Dom José
Maria Pires, Arcebispo da Paraíba e de Dom Helder Câmara, expulsou o
gado da Fazenda Alagamar, na Paraíba. Momento histórico e de rara
coragem. Fotos mostram três Bispos enfrentado policiais, jagunços e
fazendeiros.


Visto com desconfiança
pelo regime militar, teve muitos dos seus sermões gravados. Aumentava a
desconfiança o fato de ser amigo-irmão de Dom Helder Câmara, calo maior
da ditadura. De têmpera, não se curvava a político algum. Dizia, não o
que eles queriam ouvir, mas o que precisavam ouvir. Era PROFETA, no
sentido Bíblico – Teológico da palavra. O verdadeiro Profeta fala o que
Deus quer e não o que o rei quer.



Que diferença em relação aos dias atuais e aos sermões atuais, que nada dizem, por sinal.



Intelectual de primeira
categoria, dominava a Língua Portuguesa como poucos, (poucos, como Zé
Rabelo!). Teólogo e Bispo, não se deteve a tendências teológicas. Não se
enquadrava nas categorias de conservador ou de teólogo da libertação. O
Concílio Vaticano II ouviu um jovem bispo defender o diaconato
permanente. Ele construiu uma diocese tão nova. A ela dedicou seu
pastoreio. Não era carreirista, não almejava “subir na vida”. Foi eleito
bispo para a diocese de Afogados da Ingazeira e nela ficou até morrer.
Ordenou quase a totalidade dos sacerdotes atuais.


Nos períodos de seca,
clamava com o povo. E foi em rede nacional de televisão que defendeu os
saques às feiras, em nome da vida. Amou e foi amado. Faleceu em 07 de
outubro de 2006. Vivo fosse, faria hoje, 03 de Abril, 91 anos.



E eu, que tanto devo a
ele, como meus irmãos sertanejos, faço-lhe esta memória. E eu, que tive
nele um pai, um amigo, um irmão, um velhinho com quem podia contar
sempre, lhe faço memória na mente e no coração.



Ele foi o mais coerente e
verdadeiro homem público dentre todos os homens públicos que o Pajeú já
viu e vê ainda. OBRIGADO DOM FRANCISCO!



Por Genildo Santana e Cauê Rodrigues.

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