do devaneio de lançar-se à reeleição, quando apareceu em programas
populares de TV, garantiu que defenderia seu legado e acreditou ter
descortinado uma “jogada de mestre” ao decretar a intervenção no Rio,
eis que Michel Temer caiu na real. Depois de novas pesquisas, que só
confirmaram seus recordes de impopularidade, e na sequência de pressões
de seu círculo próximo para que largasse o osso, Temer, o rejeitado,
abdicou em favor de Meirelles, o iludido.
ex-ministro da Fazenda, que também poderia ter como epíteto “o
vaidoso”, parece nutrir ambições presidenciais que, não fosse o senador
José Serra (PSDB), poderiam ser consideradas sem paralelo. Meirelles
tem a vantagem de possuir recursos para invetir em campanha e pertencer a
uma legenda grande, com tempo de TV. Mas não tem nenhum enraizamento
político. É mais para outsider do que outra coisa. E o que seria seu
carro-chefe, a sonhada recuperação vigorosa da economia pós-Dilma,
deu lá uma andada, mas furou o pneu. Claro que o candidato contará com
simpatias do mercado, mas isso não basta para ganhar eleição. Ademais,
se o cálculo conspiratório do advento do espetáculo do PIB tivesse
acontecido, seria, afinal, Temer, não Meirelles, o nome do MDB.
dos apelos do presidente, dificilmente o partido vai se unir em torno
da candidatura. Nomes como Renan Calheiros, Roberto Requião e Eunício de
Oliveira tendem a sair de lado. Quanto às possibilidades de futuro
entendimento com Geraldo Alckmin, ainda é cedo para saber. O tucano tem
muito mais estrada e mais perspectivas como candidato do que o
ex-ministro.
possibilidade, aliás, de que se repita em 2018 o padrão de uma
candidatura de centro-direita contra outra de centro-esquerda, não
parece mais tão improvável quanto já pareceu – pelo contrário. Alckmin,
apesar de ainda estar em patamares baixos nas pesquisas, tem boas
chances de ser o nome da contro-direita. Quanto à centro-esquerda, Ciro
Gomes, por ora, parece ter mais cancha para articular. Resta esperar a
turma do PT receber alta do hospício para ver o que vai acontecer. Mas
não é de descartar um racha, que leve alguns petistas mais equilibrados a
apoiar a candidatura pededista. A ver.
Marcos Augusto Gonçalves – Folha de S.Paulo.