Em 3 dias, caminhoneiros levam governo Temer à lona.

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Episódio tem revelado o quão desnorteado está o Planalto.
 O
governo de Michel Temer não aguentou três dias de greve de
caminhoneiros. Sentiu o peso político de um país à beira de uma
paralisia causada pelos protestos nas rodovias. Não suportou a pressão,
esqueceu o que dissera e foi à lona.

O episódio tem revelado o quão desnorteado está o Planalto. Impopular, fraco, cambaleante a cada crise.

Mostrou
ao país e ao mercado internacional que a Petrobras topa perder um bom
dinheiro (ao menos R$ 100 milhões no caixa da empresa) diante da
incapacidade de enfrentar 72 horas de chantagem de uma categoria.

Ficou
para o presidente da Petrobras, Pedro Parente, o desgaste maior. Na
terça (22), esteve em Brasília com Eduardo Guardia (Fazenda) e Moreira
Franco (Minas e Energia). Saiu do encontro sem sinalizar redução e com o
discurso de não haveria mudança na política da Petrobras.

Não demorou muito, Parente cedeu e foi à TV nesta quarta (25) anunciar a redução de 10% do diesel por 15 dias.

Minutos
antes da fala de Parente, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, deu
brecha para interpretações de que ele foi enquadrado pelo Planalto de
um dia para o outro —por mais que os dois lados neguem.

Segundo
Padilha, Temer queria que a Petrobras desse uma solução para o impasse.
“O cargo de Parente é um cargo de confiança do presidente da
República”, disse.

O
Planalto já havia sido derrotado na reação política em Brasília ao ser
atropelado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no anúncio
do acordo para zerar a Cide para o diesel em troca da aprovação do
projeto de reoneração da folha de pagamento.

A
fraqueza demonstrada nos últimos dias não deixa de ser um incentivo
para outros setores ameaçarem o governo nos sete meses que faltam para o
seu melancólico fim.

Os
caminhoneiros, por exemplo, ignoraram o apelo de Temer por uma trégua
de três dias e avisaram (antes da redução do diesel) que, ao menos até
esta sexta (25) manteriam a manifestação.

O
bloqueio nas estradas ocorre na semana em que o presidente confirmou a
desistência do fantasioso desejo de disputar a reeleição para anunciar o
apoio do MDB ao nome do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Sem
ultrapassar os 2% das intenções de voto, Meirelles será o candidato
responsável por defender o legado deste governo. Poucas coisas são tão
impopulares quanto aumento de preço de combustível. Ainda mais em ano de
eleição.

Leandro Colon – Folha de S.Paulo.

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