prolongou tanto porque o governo de Michel Temer é especialmente fraco.
FHC e Dilma também enfrentaram paralisações de motoristas, mas
debelaram os movimentos em menor tempo e com menos ônus.
Temer é diferente. Na esteira de um impeachment polêmico, ele já chegou
ao cargo sem prestígio popular. A maioria dos brasileiros era favorável
à saída de Dilma, mas não à assunção de Temer. Ainda assim, políticos e
empresários apostaram que ele conseguiria estabilizar a economia e
promover algumas reformas necessárias para equacionar o problema fiscal
do país.
essa era uma expectativa realista, deixou de sê-lo quando vieram à tona
as gravações de Joesley Batista, colocando o presidente no centro de
mais um escândalo. A partir dali, o capital político de Temer, que nunca
fora alto, tornou-se negativo.
às piores exigências das piores bancadas do Congresso, Temer conseguiu
suspender o avanço dos processos, mas o custo foi alto. As reformas
ficaram para o próximo presidente e a responsabilidade fiscal foi para o
beleléu. Com os caminhoneiros não foi diferente. Sem respaldo político,
o governo cedeu no que poderia e no que não deveria. Esperemos que
outras categorias não decidam imitá-los.
agora esperar um par de semanas para saber se a paralisação se tornará
um episódio superado (mais provável) ou se passará a imprimir uma
dinâmica nova, e mais populista, ao processo eleitoral. Se a segunda
hipótese prevalecer, as consequências poderão ser trágicas.
Helio Schwartsman – Folha de S.Paulo.