Carlos Magalhães, ex-governador baiano, ex-senador, ex-ministro e
ex-vivo, era bom de frases. Entre as que deixou, ficou célebre aquela
sobre Michel Temer,
em 1999, quando eles eram presidentes das casas do Congresso —ACM, do
Senado, e Temer, da Câmara— e, por algum motivo, viviam se ofendendo.
Numa dessas, ACM disparou: “Não me impressiona sua pose de mordomo de filme de terror”.
a frase foi exumada pelos petistas, revoltados com o homem que eles
próprios tinham levado à vice-presidência da República. Só que ela
ressuscitou errada. Na nova versão, Temer se tornou “mordomo de filme de
vampiro” —a provar que eles, seus súbitos inimigos, não entendiam nem
de Temer, nem de vampiro.
chega ao castelo tarde da noite e não há ninguém para recebê-lo. O
conde aparece e se desculpa por problemas com a criadagem —criadagem que
nunca se vê. Magicamente, há uma farta ceia à espera de Harker.
é isso que me intriga. Drácula e todos os vampiros que se seguiram, na
literatura e no cinema, nunca têm empregados —mas deveriam ter. Afinal,
quem cozinha aqueles banquetes? Quem serve e tira a mesa? Quem lava os
pratos e põe no escorredor? E quem lava e passa a ferro sua roupa de
vampiro, principalmente as camisas de peitilho branco engomado, que não
têm como não se manchar de sangue quando ele sai para jantar? Só pode
ser o próprio Drácula, de avental e tudo.
Ruy Castro – Folha de S.Paulo.