Quem dá mais? Partidos negociam apoio; clima de leilão.

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Que
princípios republicanos norteiam o Partido da República? Chefiada por
um condenado no mensalão, a legenda negocia ao mesmo tempo com Lula e
Bolsonaro. Seria ingenuidade buscar razões ideológicas para o dilema.
O
PR integra a sopa de letrinhas do centrão, um grupo de partidos
fisiológicos que costumava seguir as ordens de Eduardo Cunha. A turma se
destaca pelo forte apego a valores. Não exatamente os que são
anunciados em microfones.

Até
o início do mês, o centrão prometia migrar em bloco para uma única
candidatura. Agora a tendência é voltar ao cada um por si. Ninguém quer
perder a chance de baganhar seus próprios interesses no feirão
partidário.

O
presidente do PP, por exemplo, está preocupado com sua reeleição ao
Senado. Ele mora em Brasília, mas tem domicílio eleitoral no Piauí. Lá
seria suicídio político aderir a um candidato que se oponha ao lulismo.

Ligado
à Igreja Universal, o PRB negocia de forma ecumênica. Seus bispos são
próximos dos tucanos, mas participaram do governo petista. Hoje apoiam
Temer, amanhã podem subir ao altar com qualquer um. O importante é não
ficar com a sacolinha vazia.

O
Solidariedade, controlado pelo notório Paulinho da Força, também avalia
ofertas no varejo. O deputado lutou bravamente contra o fim do imposto
sindical. Agora busca alternativas para compensar a perda de receita.

O
DEM tem algo assemelhado a um programa, mas parece pronto para
abandoná-lo. O partido se divide entre Geraldo Alckmin e Ciro Gomes. Um
apoiou o impeachment e reza pela cartilha do mercado. O outro denunciou o
“golpe” e promete revogar todas as reformas liberais.

Com
o fim dos jogos da Copa, o leitor será obrigado a acompanhar o leilão
de apoios até o início de agosto. À medida que as negociações avancem,
os balões de ensaio se desmancharão no ar.

O
último transportava Flávio Rocha, o queridinho do MBL. Para surpresa de
ninguém, ele anunciou que não será mais candidato. O país não perdeu
nada, mas o horário eleitoral ficará menos divertido. O funkeiro Latino
já havia gravado o jingle da campanha.

Bernardo Mello Franco – O Globo.

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