Programa do PT aposta na nostalgia e evita autocrítica.

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Plataforma eleitoral minimiza dificuldades que novo governo encontrará e defende políticas duvidosas.

A
economia brasileira ainda está longe de se recuperar da recessão em que
afundou quando Dilma Rousseff estava no poder, mas quem buscar na nova plataforma eleitoral do PT uma explicação para o que aconteceu ficará decepcionado.

Antecipado pela Folha na semana passada, o programa evita discutir as origens da crise, minimiza as dificuldades que o próximo governo enfrentará e defende políticas que alcançaram resultados duvidosos mesmo quando as circunstâncias pareciam mais favoráveis do que hoje.

Os
petistas prometem um plano de emergência para retomar investimentos
públicos e criar empregos no primeiro ano do novo governo, mas não há
previsão de custos, nem indicação clara da origem dos recursos que
financiariam o projeto.

Bancos
públicos seriam convocados a aumentar a oferta de crédito e baixar os
juros de seus empréstimos, numa tentativa de forçar os bancos privados a
fazer igual. Dilma experimentou a mesma ideia em seu governo, com resultados efêmeros.


Trabalhadores
e empresários teriam assento no Conselho Monetário Nacional e voto nas
discussões sobre a meta de inflação. Parece novo? Empresários
participavam das reuniões do órgão durante a ditadura militar e dois
sindicalistas puderam entrar com o retorno à democracia. Os patrões
sempre levaram a melhor.

Não
há problema mais desafiador à espera do próximo presidente do que o
déficit nas contas da Previdência Social, que hoje consome 49% dos
gastos do governo federal. O programa petista mal toca no assunto.

Ele ignora o envelhecimento da população,
que tem feito a despesa com aposentadorias e pensões crescer
rapidamente, e diz que a situação será resolvida com a volta do
crescimento e cortes nos benefícios dos servidores mais bem pagos.

Como estratégia eleitoral,
uma tentativa de resgatar o espírito dos anos gordos em que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva governou, o programa petista
talvez faça sentido. Em caso de vitória, ele só servirá para alimentar
frustrações mais tarde.

Ricardo Balthazar – Folha de S.Paulo.

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