Vereadores e deputados opinaram sobre os episódios polêmicos na 28ª
edição do Festival de Inverno de Garanhuns. André Ferreira (PSC) deu
entrada em ação para suspender cachê do cantor Johnny Hooker.
para pedir a suspensão do pagamento do cachê do cantor. “Quando
defendemos a nossa fé, somos tachados de fundamentalistas. Mas quando um
artista chama Jesus de ‘bicha’, é arte. Isso é um absurdo”, criticou
Ferreira, que solicitou à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico
de Pernambuco (Fundarpe) a cópia do contrato de Hooker.
merecem repreensão. “Não é tolerável que o povo de Pernambuco pague
para ser agredido”, afirmou o deputado, acrescentando que o cantor
deveria colocar as suas opiniões de modo privado. Ferreira também deu
entrada numa representação por ato de improbidade administrativa contra
o governo de Pernambuco, apontando que o mesmo “organizou, produziu,
coordenou e custeou com recursos públicos, através da Secretaria de Cultura e da Fundarpe, a 28ª Edição do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG)”.
deputado atacou a Secretaria de Cultura, dizendo que esta tentou
politizar a discussão ao desferir críticas ao prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), e disse que se o governador Paulo Câmara (PSB) não concorda com o que foi apresentando no festival, “pecou por omissão”.
O promotor Domingos Sávio Pereira Agra, da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Garanhuns, informou que até o momento não recebeu nenhuma denúncia de
André ou Michelle nesse sentido. “Se ingressarem aqui, nós iremos
analisar com toda a serenidade e atenção. É preciso definir de quem
seria a atribuição do processo, já que o fato aconteceu em Garanhuns e a
sede da Fundarpe é no Recife. A ação pode ter entrado lá”, explicou.
O promotor contou que recebeu denúncia nesse sentido do ex-vereador garanhuense Sivaldo Albino, aliado do prefeito Izaías Régis. Ele terá 30 dias para analisar o documento, que pede a suspensão dos cachês de
Johnny Hooker e Daniela Mercury. Agra preferiu não detalhar sua opinião
sobre o tema, mas adiantou que não tem conhecimento de nenhum caso
semelhante em que o cachê de um artista tenha sido cancelado.
o cantor escreveu que “a arte obriga as pessoas a olharem para o
próximo, a humanizar o próximo, a se identificar com o próximo”, e que
“esse é o maior medo dos religiosos fundamentalistas.
Eles querem nos separar, mas através do poder infinito de transformação
da arte e do amor permaneceremos unidos. Somos milhares de mães e irmãos
e filhos, e se silenciam um de nós com violência e opressão, outros
milhões se levantarão”. “Seremos Jesus amando ao próximo como nós mesmos e ninguém vai poder querer nos dizer como amar”, disse Hooker.
“A liberdade de expressão é um dos mais importantes direitos consagrados na nossa Constituição.
Porém, essa liberdade não pode confrontar o sentimento religioso”,
atacou Michelle. Ela disse que a peça fere o sentimento religioso
cristão de cerca de 90% da população pernambucana e fez duras críticas à
Fundarpe, afirmando que a nota oficial em que a instituição pede
desculpa aos cristãos “não ficou a contento” e pedindo a substituição de
Marcelino Granja.
Michelle defendeu a suspensão do cachê
dos artistas que protestaram durante o FIG e pediu que o Ministério
Público se posicione. “Quando houve um episódio na minha rede social,
eles foram rápidos [em fevereiro, ela fez uma postagem em que dizia
estar orando para “quebrar a maldição de Iemanjá”]. Mas num caso como
esse, que está rodando o país inteiro, não fizeram nada. Eles precisam
se pronunciar”, criticou.
O vereador Jayme Asfora
(PROS) declarou que a peça teatral estimula a reflexão sobre os
direitos da minoria. “Quem viu o espetáculo ou leu o livro, sabe que as
obras tratam do princípio que deveria unir todos nós, cristãos, que é
amar ao próximo como a si mesmo”, destacou. Ele também defendeu a
cantora Daniela Mercury, por sua coragem em assumir sua
orientação sexual e pela defesa dos direitos do público LGBT. “Quem
pode condenar uma pessoa por ser homossexual, quando nem Jesus condenou?
O cristianismo não distingue, Jesus não distinguiu”, pontuou.
Já Ivan Moraes (PSOL), que foi o único dos vereadores que esteve em Garanhuns nas
duas sessões da peça, explicou que o espetáculo não traz nenhum
confronto em relação aos ensinamentos de Jesus. “As pessoas têm liberdade
para debater a religião, seja para exaltá-la ou para criticar
comportamentos, assim como fez Jesus Cristo. É importante saber do que
estamos falando. As pessoas estão com suas opiniões formadas, mas as
convido a assistir para que deem suas opiniões baseadas em fatos”, disse Ivan.
Ele
afirmou ainda que a comunidade cristã tem toda a legitimidade de
assistir ou não à peça e dar sua opinião. “Repudio toda e qualquer
tentativa de se obter ganhos políticos com a censura. Não podemos mais usar da religiosidade legítima das pessoas para fins eleitorais”, destacou.