Em entrevista exclusiva à TV Record, o presidente eleito destacou que seu governo terá uma “conversa harmônica” com o Judiciário.
Bolsonaro contou que conversou com o presidente do Supremo, Dias
Toffoli, nesse domingo (28), e terá novo encontro. “Todos nós somos
responsáveis pela nação.” Bolsonaro afirmou que irá visitar o presidente Michel Temer
para agradecer as felicitações que recebeu. “Será a primeira pessoa que
irei procurar”, disse. De acordo com ele, os dois meses finais do
governo Temer vão ser da “mais perfeita harmonia”.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Nomes de governo
Nos
próximos dias, ele disse que deve confirmar o nome do astronauta e
major da reserva Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e
Tecnologia. Já foram confirmados os nomes do deputado federal Onyx
Lorenzoni (DEM-RS) para Casa Civil, o general da reserva Augusto Heleno
para Defesa e o economista Paulo Guedes para a Economia.
Minorias
Segundo
o presidente eleito, é preciso buscar meios para que todos tenham as
mesmas condições econômicas e financeiras e, não tratar determinados
grupos como minorias. “Certas minorias podem achar que têm super poderes
por serem diferentes dos demais”, disse. “Somos iguais, Artigo 5º da
Constituição: sem diferença de gênero, cor da pele e região onde nasceu.
O que se tem fazer é procurar a igualdade de patrimônio para todos e aí
todos ficam satisfeitos.”
Mercosul
Bolsonaro
afirmou que o Mercosul (bloco que reúne Brasil, Argentina, Paraguai,
Uruguai e Venezuela, que está suspensa temporariamente) foi
supervalorizado e que tal tratamento tem de ser modificado. De acordo
com ele, isso ocorreu por questões ideológicas, que protegiam
determinados países que, na sua opinião, “burlavam” regras. “Nós
queremos nos livrar de algumas amarras do Mercosul”, disse.
Venezuela e imigrantes
O
presidente eleito disse que vários líderes estrangeiros pediram que o
Brasil mantenha a ajuda à Venezuela e também aos imigrantes. Ele negou a
possibilidade de intervenção externa, apoiada por seu governo, na
Venezuela. “O PT não fez a lição de casa com a Venezuela, sempre admirou
o [o ex-presidente Hugo] Chávez e [o atual presidente Nicolás] Maduro e
agora estamos vendo os mais pobres vindo a pé para o Brasil, sem ter o
que comer.”
Estados Unidos e Trump
Bolsonaro
confirmou que sua conversa com o presidente norte-americano, Donald
Trump, foi mais longa do que a que teve com os demais líderes – e
trataram iniciativas comerciais e militares. “Pretendo ir aos Estados
Unidos para ampliar a pauta sobre comércio e área militar”, disse o
presidente eleito, informando que deverá viajar na companhia do general
Heleno e o economista Paulo Guedes.
Líderes estrangeiros
O
presidente eleito disse ter conversado com líderes da América Latina e
da Europa, o que para ele indica a importância do Brasil. “Estou muito
feliz porque, apesar das conversas protocolares, mostra que nós podemos
estar juntos com esses países.”
Vice-presidente da República
Segundo
ele, o general Hamilton Mourão, seu vice, é um homem “muito qualificado
e preparado”. “Nem eu quero um vice decorativo. Agora não sou capitão,
nem ele general. Eu disse para ele: ‘General, nós somos soldados do
Brasil’”, disse o presidente eleito, negando atritos com o oficial.
“Será um conselheireiro de primeira hora.”
Governo de transição
De
acordo com o presidente eleito, os dados “são estarrecedores”, como a
quantidade de funcionários e os gastos. “Não vamos fazer maldade com
servidores. Não vamos simplesmente desfazer deste capital.”
Cargos na Câmara
Bolsonaro
disse que não irá interferir no processo de sucessão na Mesa Diretora
da Câmara, que inclui a presidência da Casa. Ele disse que se o
presidente da República interfere “ganha um inimigo para o resto da
vida”. O atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado de Bolsonaro,
tenta a reeleição e aguardava seu apoio. Para o presidente eleito, é
preciso que os partidos políticos definam os cargos, não ele. “Eu
gostaria que nós [o PSL] não lutássemos pela presidência da Câmara.
Seria um início de gesto de humildade. Pela governabilidade, seria bom
diversificarmos os partidos.”
Homens honestos
Lembrando
que tem 28 anos de Parlamento, Bolsonaro disse que se relaciona bem com
95% dos parlamentares. “Eles têm consciência do que foi essa campanha e
acreditam em mim. Eu acredito que a maioria quer o bem do Brasil. A
maioria é de pessoas honestas e decentes.”
Estatuto do Desarmamento
Ele
defendeu o direito de um cidadão acima de 21 anos comprar arma de fogo,
sem ter de renovar o porte rotineiramente. O presidente eleito disse
ser favorável ao porte definitivo. “Há um estado de guerra. A efetiva
necessidade está comprovada pela violência.” Também afirmou que é
preciso flexibilizar o porte de arma para que as pessoas possam se
proteger melhor da insegurança presente em todos os locais. “Quem tiver
uma arma vai ser responsabilizado por ela. Quem quer fazer a maldade não
precisa comprar a arma, é fácil comprar a arma de fogo. Temos de
abandonar o politicamente correto. Achar que não ter armas melhora o
país, não é isso. Arma de fogo garante a liberdade de uma pessoa.”
Pacotão de Medidas
Sem
detalhar, o presidente eleito mencionou que uma série de medidas
específicas para o agronegócio, homem do campo e a segurança serão
encaminhadas na sua gestão. “Todos se beneficiarão.”
Faxina e MST
Bolsonaro
prometeu fazer uma “faxina” no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST). Segundo ele, os integrantes da entidade desrespeitam a lei e
não podem por isso querer dialogar.
“Eu vou fazer a faxina. A
faxina será em cima dos que não respeitam a lei, como o pessoal do MST”,
afirmou. “O movimento social que invade, depreda e faz barbaridade não
tem conversar. Por isso eu quero armar o fazendeiro.”
Adversários políticos
Bolsonaro
afirmou que está “pronto para conversar” com os candidatos à
Presidência Ciro Gomes, Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e
Fernando Haddad (PT), derrotados nas eleições. “Converso com eles apesar
da campanha que fizeram para me desconstruir.”
Mais Médicos
Ele
defendeu que os profissionais estrangeiros que quiserem atuar no Brasil
se submetam à revalidação do diploma, fazendo provas para verificar
suas habilidades. O presidente eleito afirmou que vai mudar o programa
como está. Na sua opinião, o programa foi criado para favorecer os
médicos cubanos.
Controle da Imprensa
O
presidente eleito negou que pretenda controlar a mídia. Segundo ele, é
favorável à liberdade de expressão. “Quem vai impor limite é o leitor. O
controle é o controle remoto, nada além disso. O cidadão na ponta da
linha é quem vai decidir.”
TV “Oficial”
Bolsonaro
disse que pensa em privatizar ou extinguir a TV “oficial”.“Não queremos
propaganda, não vamos usar TV oficial. Não podemos gastar R$ 1 bilhão
para audiência traço; prefiro contar com a mídia tradicional.”