Direitos Humanos da Paraíba (CEDH) emitiu nota de repúdio contra a
atuação dos policiais paraibanos e pernambucanos após o confronto que
resultou na morte de oito pessoas, entre elas, integrantes de quadrilha
de assaltantes. As mortes aconteceram na última terça-feira (2), em
Barra de São Miguel, interior paraibano. O vereador Nanaca (PP), de
Betânia-PE, acabou morto quando teria ido resgatar o irmão, integrante
da quadrilha.
O texto diz que “a cena
do confronto exigia preservação, para fins do trabalho necessário da
perícia criminal, e afastamento do público, a fim de evitar a sempre
nociva divulgação e exploração de cenas mórbidas de morte e mutilação.”
Ainda na nota, a
presidente do Conselho, Guiany Campos Coutinho, cobra das Secretarias de
Segurança do Estado da Paraíba e Pernambuco uma investigação rigorosa
aos fatos. “Punindo devidamente os responsáveis, e mais do que isso,
adotem todas as providências necessárias para evitar a repetição de
espetáculos dessa ordem que enodoam todo e qualquer mérito das ações
policiais em defesa da segurança pública.”
DIREITOS HUMANOS DA PARAÍBA vem por meio dessa nota pública externar seu
repúdio e sua profunda preocupação com a forma pela qual se portaram os
agentes policiais do Estado da Paraíba e do Estado de Pernambuco, após a
cena do confronto que resultou em oito mortos na cidade de Barra de São
Miguel-PB.
ação policial em si, entende este órgão colegiado que o tratamento da
cena do embate, transformado literalmente em um espetáculo macabro de
manipulação e exibição de cadáveres, em total desacordo com as regras de
conduta da atividade policial, excedeu todas as raias da legalidade.
confronto exigia preservação, para fins do trabalho necessário da
perícia criminal, e afastamento do público, a fim de evitar a sempre
nociva divulgação e exploração de cenas mórbidas de morte e mutilação.
Muito pelo contrário, testemunhou-se no local atos incompatíveis com a
atividade policial, e que se prestaram unicamente para denegrir e
rebaixar as instituições policiais diante da sociedade civilizada que
ainda preza pelo respeito às leis e à dignidade humana, que impõem o
respeito no tratamento dos mortos, por pior que possa ter sido o ato por
eles cometido.
não é lugar para discurso público sobre a criminalidade ou busca de
apoio popular, diante dos cadáveres tombados. Tal ato resvala na
demagogia. Cenas de gelar o sangue, tais como cadáveres sendo despidos
(com que finalidade? humilhação post-mortem?), carreata com cadáveres
jogados na caçamba de caminhonete, corpos empilhados um sobre o outro
como troféus em uma guerra tribal, cadáveres sendo alvejados por
disparos inúteis foram amplamente divulgadas nas redes sociais dos
Estados de Pernambuco e Paraíba, mediante filmagens de populares e até
mesmo possivelmente de policiais, sendo certo que tais vídeos não
poderiam ter sido produzidos sem o consentimento e a tolerância dos
agentes policiais participantes da operação, cujos comandantes,
aparentemente, procuraram atrair o público daquela urbe interiorana para
o espetáculo macabro, ao invés de afastá-lo, como seria seu dever.
distante do culto ao sangue do antigo Coliseu de Roma, concorre não para
o fortalecimento, mas para o descrédito da atividade policial,
transformada, pelo tratamento absurdo da cena do crime, em um grotesco
ato de vingança selvagem, a anos-luz de distância da ideia de uma ação
policial racional, eficiente e planejada, como acreditamos ter sido o
propósito da atuação das autoridades da segurança pública pernambucanas e
paraibanas.
insta às Secretarias de Segurança do Estado da Paraíba e Pernambuco a
investigarem rigorosamente estes fatos, punindo devidamente os
responsáveis, e mais do que isso, adotem todas as providências
necessárias para evitar a repetição de espetáculos dessa ordem que
enodoam todo e qualquer mérito das ações policiais em defesa da
segurança pública.
lamenta e se solidariza com a corporação policial pela morte de um de
seus membros. Também, igualmente, lamenta e se solidariza com os
familiares das pessoas que perderam suas vidas em tão horrenda ação.