Autor:) José Ramos. |
Existem centenas de milhares de
pessoas que são completamente diferentes das outras. Eu, provavelmente,
sou uma dessas pessoas. Não tenho nada contra aqueles que “amam os
animais”, ainda que esse amor não seja verdadeiro e a alegria apareça
apenas na hora da fotografia. Entendo isso como hipocrisia, e, nessa
altura do campeonato não vejo motivos para mudar o meu comportamento.
não os quero na minha cama, na minha rede, na minha mesa. Mas,
sinceramente, nada tenho contra quem manda fazer uma cadeirinha para o
cão comer sentado na hora do almoço – entendo como “mesa da refeição”
como algo sagrado, tipo a Santa Ceia – ou manda colocar um berço para o
danisco dormir o sono da tranquilidade no mesmo aposento. Sei de pessoas
(homens e mulheres) que usam os animais para perpetrar o sexo doentio.
Agora, uma árvore, se ela for
cortada, sou até capaz de mandar rezar uma missa de sétimo dia, de
trinta dias, e de um ano. Árvore não dá apenas sombra. Os frutos e o
trabalho que, junto com a Natureza, faz por nós.
Já escrevi aqui, antes, o motivo
da minha rejeição ao cão e ao gato. Estou vivendo um segundo casamento,
a construção de uma segunda família. Sou divorciado legalmente da
primeira esposa. Minha primeira mulher ainda hoje sofre por conta da
“toxoplasmose” adquirida pelo convívio próximo com animais (gatos,
principalmente). Esse problema nos levou à perda de quatro filhos, um
após outro, gravidez após gravidez. Foi, também, o motivo principal da
separação.
receber o tratamento adequado, uma árvore jamais causará algum problema
ao ser humano. Só benefícios.
Na minha casa mantenho vasos com
plantas. Prefiro aquelas que “ajudam em alguma coisa”. Cultivo
cebolinha, coentro, pimenta de cheiro, pimenta malagueta, pimenta
murici, quiabo e plantas decorativas.
Tenho aquário, onde crio peixes.
Crio canários belgas, cujos cânticos me deixam alegre. Tenho respeito
pelos canários, pelos peixes e pelas plantas. O mesmo respeito que tenho
por qualquer ser humano.
Assunto dessa crônica é a
árvore. Cortado de forma inadequada para uso indevido, um velho ipê teve
o seu desenvolvido tronco utilizado como “mourão”, uma estaca mais
grossa e mais segura para garantir a sustentação e o peso do arame na
construção de uma cerca.
A cerca protegia a fazenda de
Seu Ribamar, um fazendeiro e conhecido pecuarista das Queimadas. Pagou
caro pela construção da cerca, mas ficou famoso mundo à fora, não pela
riqueza ou pela quantidade do gado que produzia metade da riqueza do
lugar.
Ribamar ficou famoso por ser
“proprietário” da estaca que chorava e criou raízes depois de cortada.
Não tinha folhas mas continuava produzindo resina – e isso, para os
moradores locais, nada mais era que lágrimas. Lágrimas da estaca que
chorava.