morreu em Pindaré-Mirim, por anos foi o responsável pelo abastecimento
da cidade, com pães. Início da madrugada, todos os dias, já levantava da
cama e começa “bater a massa do trigo”. Quem não conheceu Paulo, e
jamais comeu o pão que ele fazia, não nasceu em Pindaré-Mirim ou nunca
acordou naquela cidade.
Pindaré-Mirim é um antigo
município do Maranhão, cidade onde primeiro foi instalada neste Brasil,
energia elétrica como força motriz. As demais cidades, onde antes de
Pindaré-Mirim “chegou a energia elétrica”, são capitais dos estados.
de canavieiros da região, o Engenho Central São Pedro, aproveitando o
leito do caudaloso rio Pindaré para transportar seus produtos no
abastecimento das cidades vizinhas com o açúcar produzido no engenho,
contratou a construção, instalação e funcionamento de uma linha férrea
para fazer a ligação entre o Engenho e a Fazenda Santa Filomena, onde
era produzida a cana-de-açúcar.
Engenho Central São Pedro foi totalmente restaurado no ano passado pelo
Iphan, sendo transformando num Centro de Atividades para os moradores
da cidade e ponto turístico onde abriga peças e valores da Cultura
Popular do Maranhão.
Pois, dito isso e informado, num
início de tarde qualquer, depois da sesta habitual, Paulo encostava a
cadeira de macarrão plástico na varanda frontal da casa e, além de
“esquentar os miolos” com um litro da cachaça Pitu, tinha e mantinha ao
seu redor um selecionado grupo de pinguços para escutar suas prosas.
Nenhum Pedro Bó no grupo que escutava, mas ninguém se ausentava, pois
bebida de graça prende qualquer um.
Não faz tanto tempo assim,
Paulo, numa prosa muito divertida sobre algumas figuras emblemáticas da
cidade, contou que, certo dia alguém entrou no comércio de Pepeu (nome
fictício!) procurando ovos de galinha caipira. Um cesto cheio de ovos
estava sobre o balcão de madeira, ao lado de ossos, carne de porco e
peixes salpresados. Pepeu apontou para o cesto e perguntou
debochadamente:
graça pelo deboche, mas continuou com as perguntas, passando também a
escolher os ovos caipiras. Pegou um ovo, balançou ao lado do ouvido;
separou. Pegou outro ovo, balançou novamente ao lado do ouvido, separou.
Pegou o terceiro ovo, balançou ao lado do ouvido e, quando ia separar,
foi interrompido por Pepeu, que gritou:
quer comprar ovo! Você quer comprar é maracá! E, maracá eu não vendo.
Quem vende é Zé Bimbim (nome fictício), o maior boieiro da cidade!