A poesia popular do Nordeste está em luto com a morte do poeta e cantador Valdir Teles de 64 anos, vítima de um infarto fulminante neste domingo 22 de março. Ele estava em casa na cidade de Tuparetama,
recluso por ser do grupo de risco para casos de coronavírus. Ele havia passado dez dias realizando cantorias pelo Nordeste.
O poeta cantador gravou vídeos que circularam nos canais do blog fazendo um alerta para o coronavírus:
mais consagrados da poesia popular nordestina.
Cariri paraibano mas foi levado ainda recém nascido para São José do
Egito, Sertão do Pajeú pernambucano, onde recebeu forte influência da
cultura local e teve o primeiro contato com a cantoria de viola.
Ficou órfão de pai aos 11 anos e como
filho mais velho, desde cedo assumiu a responsabilidade de sustentar a
mãe e os 4 irmãos, trabalhando como agricultor até os 19 anos, quando
resolveu sair do sertão para tentar a profissão de “operário de firma” na
Bahia, chegando ainda a trabalhar em Sobradinho, Itaparica e Paulo
Afonso e fazendo bico como retratista nas horas vagas, durante o período
que morou na Bahia.
quando em uma cantoria da dupla Sebastião da Silva e Moacir Laurentino
no Sítio Grossos em São José do Egito, foi apresentado aos poetas pelo
Mestre das Artes e Poeta Zé de Cazuza, onde teve a oportunidade de
mostrar seus dotes poéticos sendo de imediato convidado para apresentar
um programa de viola numa rádio da cidade de Patos.
A partir de 1979, quando fixa residência
em Patos, inicia a trajetória poética que já se anunciava de grande
dimensão para a cultura popular nordestina. Os anos vindouros marcaram a
gravação do seu primeiro LP com o poeta Lúcio da Silva pela gravadora
Chantecler, a popularização dos maiores programas do gênero, em
emissoras como a Rádio Panati e a Rádio Espinharas de Patos, a
participação nos grandes eventos da cantoria e o destaque nos congressos
e festivais. Também participou de programas na Rádio Pajeú.
Valdir teve em seu rol de admiradores e parceiros artistas como Maciel
Melo, Alcymar Monteiro, Chiquinho de Belém, Santana, Flávio José, Flávio
Leandro, Galego Aboiador, Nico Batista, Amazam, Bia Marinho, Val
Patriota e Raimundo Fagner.
Valdir Teles. O Pajeú ficou mais pobre e o repente está de luto”, disse o
padre Luiz Marques Ferreira.
Por conta das restrições em virtude da propagação do coronavirus, não há detalhes nem se sabe como será velório e sepultamento.