A imagem foi enviada pela moradora Rita Brito da Silva, da comunidade Santana, Ingazeira, na área atingida pelo volume de água na Barragem da Ingazeira. Mostra a trabalhadora rural dormindo à luz de candeeiro, uma imagem que atenta à dignidade humana.
Se na área urbana de nossas cidades, uma hora sem energia elétrica provoca um alvoroço. Imagine o drama de comunidades que estão desde quarta da semana passada sem energia elétrica.
Num passado distante, programas como o Luz para Todos levaram um direito antes só reservado para os urbanos, o de eletrificação rural, que ajudou a desenvolver as comunidades, que ganharam mais condições de produzir e refrigerar alimentos para renda, como no Programa de Aquisição de Alimentos, o PAA.
Sem energia, os trabalhadores e mães de família reclamam prejuízos, ansiedade, revolta, problemas com crianças e idosos.
Tudo fruto de uma obra imponente e importante, mas que não poderia desconsiderar quem chegou primeiro, as comunidades. Desapropriações mal geridas pelo DNOCS, falta de execução de um plano de ação que permitisse novas estradas e uma nova rede elétrica que evitasse passar pelo leito da barragem, responsabilidade da Celpe.
Essa situação é inconcebível em áreas urbanas. Mas o preconceito e desrespeito às comunidades rurais relativiza o drama quando ocorre no campo. É como se, por ser do campo, 50 famílias pudessem esperar dias sem luz.
Dignidade e respeito também são direitos fundamentais de quem vive no campo. Nosso repúdio aos órgãos que negligenciam e desrespeitam esses cidadãos. E nossa solidariedade e compromisso com os moradores dessa área, muitos com razão anunciando ações judiciais contra a empresa.
Nosso descanso não vem enquanto a justiça tardar para eles. Porque sem dignidade não há justiça.
Por Nill JR.