Desde que foi eleita, a governadora Raquel Lyra (PSDB) choraminga. Reclama que herdou do PSB um Estado em ruínas. Mas não é bem assim. Se fosse, a tucana jamais teria condições de pedir, anteontem, à Assembleia Legislativa, autorização para contrair um empréstimo da ordem de R$ 3,4 bilhões. Estado em frangalhos, como sugere, jamais poderia se dar ao luxo de buscar mais de R$ 3 bi emprestado ao Banco Mundial.
Segundo o ex-secretário da Fazenda, Décio Padilha, o ex-governador Paulo Câmara entregou a Raquel com uma baixa taxa de endividamento – 21,4% da Receita Corrente Líquida. Pernambuco atingiu, na era socialista, a nota B na capacidade de pagamento (Capag), dada pelo Tesouro Nacional, que indica a capacidade do Estado de contrair empréstimos.
O Estado, ainda segundo ele, poderá investir até R$ 3,4 bilhões este ano em operações de crédito, justamente o valor que a governadora incluiu na proposta ao Legislativo. Ao se despedir do Governo, Padilha disse que estava deixando R$ 2,9 bilhões em caixa para o exercício deste ano. “Nos meus 29 anos de Fazenda, eu nunca vi um governo ir para outro governo com R$ 3 bilhões em caixa”, disse Padilha.
Para acrescentar, em tom irônico: “Se isso é pouco, então a gente precisa ir para São Paulo, para um Estado mais rico. Porque aqui eu nunca ouvi dizer que isso é pouco”. Mas, na época, a governadora contestou, exercitando a sua mania de choramingar pelos corredores.
Superávit para 2023 – Em relação ao montante deixado em caixa pelo PSB, a equipe da governadora contestou. Disse que do valor de R$ 3 bilhões ficaram 75 obras sem conclusão, uma diferença de R$ 1,5 bilhão entre o valor necessário para a conclusão dessas obras e o orçamento destinado para elas neste ano. Mas segundo o ex-secretário de Planejamento, Alexandre Rebêlo, esse valor de R$ 2,9 bilhões que ficará de superávit só poderá ser incorporado ao orçamento em 2023.