Uma história do Cangaço – Maria era bonita, mas valente era Dadá.

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Por Tião Lucena.

Maria Bonita ganhou o título de Rainha do Cangaço sem nunca ter dado
um tiro. A verdadeira guerrilheira se chamava Dadá, a mulher de Corisco,
o Diabo Louro.


Raptada da casa dos pais quando tinha 13 anos, a menina foi estuprada
pelo cangaceiro e passou meses em cima de uma cama, ardendo em febre,
infestada de doença do mundo.



No bando de Lampião, Dadá, que fora batizada como Sérgia Ribeiro da
Silva, só entrou após a chegada de Maria Bonita. Até então era proibida a
presença de mulheres.



Ela logo se destacou das demais pela coragem. As outras mulheres não
acompanhavam os amantes nas pilhagens. Ficavam acampadas remendando 
roupas, cozinhando, lavando e se deliciando com as joias dadas de
presente. Dadá passou a acompanhar o bando e a participar das lutas. Foi
a única a empunhar um rifle. Suas colegas quando muito portavam
pequenas pistolas ou revólveres, mais para enfeite do que para fazer
uso.

Teve sete filhos com Corisco, todos eles sigilosamente distribuídos entre fazendeiros,  amigos dos cangaceiros.


Lampião foi morto em 1938, em Angicos e a 25 de maio de 1940 Corisco  foi cercado em Brotas de Macaúbas,
pela volante do tenente Zé Rufino. Dissolvera o bando, e abandonara as
vestes típicas, procurando passar por simples retirante.



Nessa emboscada Corisco e Dadá estavam desarmados. O coronel Zé Rufino se aproximou do cangaceiro ferido e o interpelou:

“É Corisco?”


O cangaceiro respondeu:


–É Corisco véio!”


O militar questionou: “Por que não se entregou?”


E Corisco retrucou:


–Sou homi para morrer, não para se entregar”.




Depois deste diálogo, o cangaceiro foi atingido na barriga por uma rajada de metralhadora.

Ficando com os intestinos à mostra, conseguiu sobreviver durante dez horas.




O último líder do cangaço foi enterrado em Jeremoabo e, dez dias após, exumado, teve  a cabeça decepada e enviada ao Museu, junto às demais do bando.

Dadá recebeu tiros na perna, que depois foi amputada por causa da gangrena.




Mais tarde libertada, passou a viver em Salvador, onde morreu em 1994 aos 78 anos.

Em maio de 1968 a revista Realidade colocou frente a frente Dadá e o
coronel José Rufino, responsável pela morte de Corisco. Ele, velho e
doente, chorou ao vê-la. Dadá, forte e altiva, o perdoou, no entanto,
desmentiu o algoz. Ele não matara seu marido em combate, afirmou. “Foi
emboscada”.


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