Para empurrar goela-abaixo a indigesta reforma da Previdência, o
Governo não precisou apenas da liderança do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia. Teve que usar dos mesmos mecanismos que tanto combateu na
era Lula: o fisiologismo. Liberou, na véspera da medida entrar em
plenário, R$ 1,3 bilhão.
Somando este valor ao que já jorrou pelas torneiras, são R$ 2,5
bilhões para adoçar a boca dos deputados que resistiam à reforma. Cai
por terra, assim, o carcomido discurso do presidente, de que não é
recorrente à política do toma lá dá cá. No Congresso, mudou o clima em
favor das mudanças nas regras de aposentadoria, mas não ao clima de
desconfiança em relação à governabilidade.
Bolsonaro fez afagos, ontem, a Maia, tratando-o de general. Um grande
número, porém, de parlamentares reclama do acesso ao Governo e ao
tratamento indiferente que recebem circulando pela Esplanada dos
Ministérios.