Amigos do pai, inimigos do filho.

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Getúlio Vargas flertou com os nazistas e
se juntou aos Aliados, festejou a tomada de Paris por Hitler e cedeu
bases militares aos americanos. Dizem que certa vez recebeu um político
que se queixou de um adversário, e Getúlio lhe disse que tinha razão.
Pouco depois, veio o adversário, e falou mal do primeiro. Getúlio lhe
deu razão. Alzira, filha e secretária, reclamou: “Pai, um falou contra o
outro e o sr. deu razão aos dois!” Getúlio: “Você tem razão”.


É possível administrar assim – mas
Getúlio, uma figura histórica que não aprecio, era um mago da política, o
que Bolsonaro ainda não mostrou ser. E o incessante tiroteio entre
aliados pode atrapalhar sua gestão. Seu filho 02, Carlos, brigou com
Bebianno, com Mourão (chegou a insinuar que pessoas próximas ao
presidente queriam sua morte), e pôs no YouTube do pai um vídeo em que o
escritor Olavo de Carvalho insultava militares com palavras chulas.


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Bolsonaro mandou retirar o vídeo de seu
canal, Carlos o compartilhou. Bolsonaro fez leve advertência a Carvalho,
dizendo que ele é um patriota, mas suas palavras “não contribuem” para
ajudar o Governo.

Nada falou, porém, sobre o uso de seu
YouTube pelo filho 02. Os militares pediam algo bem leve, não
conseguiram: algo como “o filho tem direito à opinião, que nem sempre
reflete a do pai”. Bolsonaro se diz convencido de que a militância
virtual do filho 02 foi essencial para elegê-lo, ponto final.


Mas, com tanto tiro, como chegar unidos à votação da Previdência?


Coluna de Carlos Brickmann.

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