Debate pulverizado: candidatos com poucas propostas.

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Grande quantidade de presidenciáveis acabou por gerar falas pouco propositivas.

No primeiro debate entre os presidenciáveis nesta
campanha eleitoral, nesta quinta-feira, na TV Bandeirantes, que levou
oito candidatos ao embate, a discussão sobre alianças e economia teve
mais destaque. O encontro ficou marcado pelos ataques mútuos e pela
apresentação de propostas pouco aprofundadas. Como estratégia eleitoral,
os adversários optaram pela busca de fragilidades, em vez de detalhar
as ações. Supostos desvios éticos foram apontados, assim como alianças
partidárias e as relações com o governo Temer.

O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin,
quarto colocado nas pesquisas, que tem o maior leque de alianças, foi o
mais questionado, até a conclusão desta edição. Foi confrontado a
respeito da coligação com o centrão, sobre medidas econômicas do atual
governo (de quem o PSDB foi aliado) e sobre o Bolsa Família. O candidato
do MDB, Henrique Meirelles, lembrou que os tucanos já chamaram o
programa de Bolsa Esmola. Cabo Daciolo (Patriota) e Jair Bolsonaro
(PSL), em uma dobradinha clara, também fizeram críticas duras ao tucano.
Já Ciro Gomes (PDT), em terceiro lugar lugar nas pesquisas, quase não
foi alvo de perguntas.

Quando participou dos embates, Ciro
tentou ligar o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, ao governo de
Michel Temer. O pedetista lembrou que o PSDB apoiou a reforma
trabalhista, que, segundo ele, teria agravado “terrivelmente” a situação
do povo brasileiro e também perguntou se o tucano pretende mantê-la.
Alckmin respondeu ser a favor da reforma. Ressalvou que a permissão para
que mulheres grávidas trabalhem em locais insalubres precisa ser
revista.

— A reforma trabalhista foi um avanço.
Tínhamos era um grande cartório, com 17 mil sindicatos no Brasil,
mantidos com imposto sindical. A maioria não fez nem convenção coletiva —
disse o candidato do PSDB, que chegou a usar o termo “Bolsa Banqueiro”,
utilizado por Guilherme Boulos (PSOL), ao responder a um questionamento
de Meirelles sobre o Bolsa Família.

— Vamos ampliar o Bolsa Família, vamos usar o dinheiro do Bolsa Banqueiro.

Marina também buscou a polarização com
Alckmin ao associá-lo ao centrão, grupo de partidos que se aliou ao
PSDB. Segundo ela, alguns representantes dessas legendas têm “assaltado o
povo”. Alckmin creditou o acordo à necessidade de ter uma ampla
coalizão para aprovar as reformas previdenciária, política e tributária
logo no início de um eventual governo. O ex-governador de São Paulo
aproveitou para alfinetar Marina, ao recordar que ela saiu do PV, após a
eleição de 2010. Disse que a situação com o partido era “incompatível”,
embora para esta eleição tenha feito uma aliança com a mesma legenda.

Sobre a reforma da Previdência, Alckmin
defendeu a equalização dos sistemas público e privado, para acabar com
“sistema injusto”. Já Ciro propôs um novo modelo de capitalização e
criticou a proposta que prevê a idade mínima de aposentadoria de 65 anos
para todos os trabalhadores, com o argumento de que seria uma idade
elevada para quem exerce atividades no meio rural.

O principal ataque entre os candidatos
ocorreu no primeiro bloco. Boulos questionou Bolsonaro sobre o fato de
ele ter recebido auxílio-moradia, mesmo sendo proprietário de imóvel em
Brasília, e acusou o adversário de empregar uma funcionária fantasma no
gabinete da Câmara, que seria responsável por “cuidar dos cachorros” que
o presidenciável teria em uma casa em Angra dos Reis (RJ).

— O Bolsonaro é a velha política
corrupta. Recebeu auxílio-moradia, aprovou dois projetos e conseguiu
comprar cinco imóveis. Não tem vergonha? — perguntou Boulos.

O deputado retrucou e lembrou que o candidato do PSOL é líder do Movimento Sem Teto (MTST).

— A Val é uma funcionária minha que mora
em Angra. Ela não é fantasma, estava de férias (quando uma reportagem
da “Folha de S. Paulo” tratou do assunto). Eu teria vergonha se tivesse
invadindo casa dos outros. Não vim aqui para bater boca com um cidadão
desqualificado como esse aí.

A crise venezuelana também foi tema.
Meirelles e Alvaro Dias criticaram o governo do país vizinho, mas
garantiram apoio humanitário.

— Temos que agir para que a situação mude. Mas, até lá, o Brasil tem que continuar com a postura humanitária — disse Meirelles.

Dias seguiu o mesmo tom:

— Seria perverso expulsar seres humanos vítimas de uma ditadura perversa, incapaz de respeitar liberdades democráticas.
Papelaria_Santa_AnaPor Marco Grillo, Fernanda Krakovics e Miguel Caballero – O Globo.

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