Diretório do PT em Pernambuco aprova candidatura de Marília, mas cenário de reviravolta é tido como improvável.

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A reunião do diretório
do PT em Pernambuco se transformou no principal evento político do país
hoje. Todas as atenções da esquerda nacional – e o olhar atento dos
demais atores políticos envolvidos na eleição que se aproxima – estavam
voltados para a decisão dos 251 delegados petistas no Recife em relação à
manutenção da candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo do
estado. Sob forte pressão da Executiva Nacional – que, na noite
anterior, fechou um acordo com o PSB para apoiar a reeleição do atual
governador Paulo Câmara – a maioria absoluta dos militantes do PT
gritavam pela resistência local. Sentimento que ficou ainda mais exposto
quando o senador Humberto Costa foi hostilizado em sua chegada ao
encontro. Cercado e acuado pelos gritos de “golpista”, Humberto tentou
utilizar uma possível orientação do ex-presidente Lula como
justificativa para seu posicionamento contra a candidatura de Marília:
“Vocês acreditam que existe alguma coisa que seja aprovada no PT que não
tenha o apoio ou o conhecimento de Lula?”



De Curitiba, ainda em
frente à sede da Polícia Federal onde Lula está preso, a presidente do
partido, Gleisi Hoffman, gravou um vídeo para reforçar o posicionamento
do PT de apoiar o PSB em Pernambuco. A senadora estava reunida com o
ex-presidente minutos antes de gravar o vídeo e, desta forma, enviava um
recado direto e seco para Marília. A “voz silenciosa” de Lula ecoava
pelos corredores e salas do Recife Praia Hotel. Durante o processo de
votação dos delegados, a portas fechadas, a vereadora e pré-candidata
deixou a sala e foi para uma ala reservada do hotel fazer ligações. Do
lado de fora, ouviu coros de apoio dos militantes. A divisão do partido
estava clara. O futuro de Marília não.



Eram 20h40 quando o som
que veio do salão onde acontecia a votação deixou claro o que acabara de
acontecer ali dentro. A candidatura da vereadora Marília Arraes
resistiu à pressão da cúpula do partido. A decisão da Executiva Nacional
foi “derrubada” pelos delegados pernambucanos.



Isso significa que
Marília terá sua candidatura oficializada? Ainda não. O ex-deputado
federal Fernando Ferro explicou os próximos passos do imbróglio: “Depois
desse encontro vai haver uma votação do recurso da Executiva Nacional
amanhã. Se não tivermos sucesso, vamos recorrer a última instância
domingo. Isso está sendo muito ruim para o partido. Tem muita gente
querendo se desfilar. Como lidar com isso? Sou favorável até que
recorramos a instâncias jurídicas. Isso pode destroçar o PT de
Pernambuco”.




Enquanto a militância
fazia festa em torno de Marília, o senador Humberto Costa afirmou que a
decisão do diretório de Pernambuco dificilmente será validada pela
cúpula nacional. “A decisão de amanhã, se não houver nada novo, será
manter a decisão da executiva. Hoje eu defendi a aliança com o PSB e
amanhã defenderei de novo”, afirmou o senador que – no entanto – não se
negou a dar as mãos a Marília após o resultado: “Serei candidato ao
Senado de todo jeito”.
(Diário de PE)

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