Após visita de Ciro, PSB de Pernambuco apoia Lula.

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Dois dias depois de o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes,
visitar o estado e se encontrar com o governador Paulo Câmara e com a
viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, o PSB de Pernambuco defendeu,
pela primeira vez, que o partido feche aliança com Lula para a disputa pelo Palácio do Planalto este ano.

Pernambuco é o estado com o maior número
de representeantes no diretório nacional do PSB. O estado também tem
importância histórica para a legenda por causa de Campos e de seu avô,
Miguel Arraes (1916-2005).

Nos últimos dias, políticos da legenda
tem afirmado que um acordo com Ciro está próximo. Mas o movimento do
diretório pernambucano pode reverter esse quadro. Os pessebistas de São
Paulo, o segundo estado com o maior número de representantes no
diretório nacional, também são contra a aliança com o pedetista.

O presidenciável do PDT se encontrou, na
tarde de terça-feira, com Câmara e com o prefeito de Recife, Geraldo
Júlio (PSB), no Palácio Campo das Princesas, sede do governo
pernambucano. Ciro postou uma foto do encontro em suas redes sociais com
a frase: “Sigo na luta por uma aliança com o PSB.” Em seguida, fez uma
visita a Renata Campos e ao seu filho João, que será candidato a
deputado federal na eleição deste ano.

Na quinta-feira, ao divulgar uma nota
para desmentir que o acordo com Ciro estivesse fechado, o diretório de
Pernambuco do PSB afirmou: “O partido em Pernambuco, seguindo a
orientação do governador Paulo Câmara, permanece no diálogo com
lideranças nacionais e locais de diversos partidos do campo democrático.
Continuaremos a defender, dentro e fora do PSB, uma aliança com o
Partido dos Trabalhadores, priorizando a candidatura do ex-presidente
Lula.”

No mesmo dia em que a nota foi
divulgada, Câmara havia se reunido com o presidente nacional do PSB,
Carlos Siqueira, e com a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.

A nota é um gesto do PSB de Pernambuco
em favor do PT. O pessebistas querem que o comando nacional petista
force a vereadora Marília Arraes, neta de Miguel Arraes e prima de
Campos, a deixar a disputa pelo governo do estado. Impulsionada pela
memória do avô e pela popularidade do ex-presidente Lula em Pernambuco, a
petista Marília se transformou em ameaçada ao plano de reeleição de
Câmara no estado. Uma eventual derrota do atual governador seria um duro
golpe no legado de Campos, que era o seu padrinho político.

No PT, a posição majoritária entre
dirigentes nacionais é que Marília só deve deixar a disputa se o PSB
formalmente apoiar a candidatura de Lula ou de seu substituto. O
ex-presidente reúne os requisitos para ser enquadrado na Lei da Ficha
Limpa e ter a candidatura impugnada porque foi condenado em segunda
instância no âmbito da Lava-Jato no caso do tríplex do Guarujá.

No começo de junho, os petistas
aprovaram uma resolução em que determinam que as candidaturas estaduais
devem estar alinhadas com o projeto nacional do partido. No documento,
citaram formalmente a intenção de buscar acordo com o PSB e o PCdoB.

Dirigentes do PSB de outros estados se
opõem a uma aliança com o PT. Diante do impasse, um dos caminhos para o
partido seria liberar os diretórios estaduais para apoiarem o
presidenciável que fosse mais conveniente para os interesses locais. A
solução agradaria também o PSB de São Paulo. O governador Márcio França
(PSB), que herdou o cargo de Geraldo Alckmin (PSDB), já anunciou que
fará campanha para o tucano.

Nesse cenário, o PSB de Pernambuco
declararia adesão a Lula, mas esse movimento dificilmente seria
suficiente para que o objetivo principal, a retirada de Marília da
eleição pernambucana, seja alcançado.

– A candidatura da Marília só deixa de
existir se o PSB, a nível nacional, apoiar formalmente o presidente Lula
– afirmou o secretário-geral do PT, Romênio Pereira.

Desde a morte de Campos, em 2014, o PSB sofre com divisões internas e
tem dificuldade de encontrar uma unidade. A decisão sobre o rumo do
partido na disputa pelo Palácio do Planalto só deve ser anunciada no
final de julho.

A posição do PSB pode influenciar também
o PCdoB. A expectativa é que, se Ciro conseguir o apoio dos
pessebistas, pode também atrair os comunistas na formação de um bloco de
centro-esquerda e isolando o PT.





Sergio Roxo e Luís Lima – O Globo.

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