FHC teme Bolsonaro: ”Tem a possibilidade de poder”.

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“Um dos candidatos propôs me matar quando eu estava na Presidência”.
Ex-presidente não cita nome de
presidenciável durante palestra em universidade americana, mas faz
referência a uma declaração antiga do parlamentar e afirma que ‘há
pessoas da direita que são pessoas perigosas’.
O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quinta-feira, 16,
que não pode descartar a possibilidade de o Brasil repetir a experiência
italiana depois da Operação Mãos Limpas e eleger um presidente de
direita similar a Silvio Berlusconi na esteira da Lava Jato. Embora não
tenha citado nomes, ele deixou claro que considera o deputado e
presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a principal ameaça nas eleições
do próximo ano.

“Eu
não quero entrar em detalhes, mas há pessoas da direita que são pessoas
perigosas”, disse FHC em evento na Universidade Brown, nos EUA. “Um dos
candidatos propôs me matar quando eu estava na Presidência. Na época,
eu não prestei atenção. Mas hoje eu tenho medo, porque agora ele tem
poder, ainda não, ele tem a possibilidade do poder.”


Em entrevista à TV Bandeirantes em
1999, Bolsonaro afirmou que seria impossível realizar mudanças no
Brasil por meio do voto. “Você só vai mudar, infelizmente, quando nós
partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o
regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC”, declarou.

Segundo
o ex-presidente, há um “debate sério” no Brasil sobre o assunto,
inclusive entre os juízes responsáveis pela Lava Jato. “Eles estão
comparando, eles sabem o que aconteceu na Itália, todo mundo sabe das
consequências em termos de Berlusconi. Se você olha a situação atual do
Brasil, eu não posso dizer que isso não é possível.”

Para
o tucano, o sucesso na disputa de 2018 dependerá da capacidade do
candidato de expressar uma mensagem que coincida com as aspirações da
população. Mas ele ressaltou que a política não é pautada só pela razão,
mas também pela emoção. “É arriscado. Essa pessoa está comprometida com
a Constituição, com o respeito das leis, com os direitos humanos?”

FHC
disse que relutou em apoiar o impeachment de Dilma Rousseff, mas mudou
de ideia quando houve a paralisia do governo. De acordo com ele, a única
saída possível para esse tipo de situação em um regime presidencialista
é o impeachment. O ex-presidente afirmou ainda que o afastamento é uma
decisão política, ainda que amparado em base legal – no caso, o
desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.

“Isso é um crime tremendo? Não, muitas pessoas fizeram (o mesmo). E por que não (foram afastadas)?
Porque essas pessoas não estavam em uma frágil posição de poder e a
consequência não foi a interrupção do processo de tomada de decisões. É
uma questão política.”
O Estado de S.Paulo – Cláudia Trevisan.

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