Prestes a fechar as portas, hospital psiquiátrico de ST vai liberar 120 pacientes no final deste mês.

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Funcionando desde 1979, o Hospital Psiquiátrico São Vicente,
localizado no bairro Borborema, em Serra Talhada, fechará suas portas no
final deste mês. As consequências já são visíveis. Alguns pacientes já
saíram da unidade e no dia 1º de outubro, pelo menos 120 internos terão
que voltar às suas casas. Por outro lado, 70 funcionário serão demitidos
e há pouca luz no fim do túnel.
A reportagem do FAROL visitou o Hospital São Vicente
na tarde dessa quinta-feira (4) e sentiu o clima de desânimo e tristeza
nos servidores. A gestora da unidade, Drª Socorro Lucena, conversou com
a reportagem e detalhou todo o drama do hospital que culminou com o seu
fechamento.

Há oito anos que o governo federal ‘congelou’ os repasses do Sistema
Único de Saúde (SUS) e um repasse de cerca de R$ 60 mil/mês, aprovado
pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS), não é feito há um ano pela
prefeitura.
Em alguns momentos, até lágrimas caíram dos olhos da Drª Socorro, que
após dez anos na direção, sabe que o Hospital Psiquiátrico, que atende
pacientes de 59 municípios, fará muita falta aos pacientes e familiares.
“Todos os funcionários entraram em aviso prévio. O último a sair será
no dia10 de outubro. O que vamos fazer com estes pacientes? Isso nos
deixa muito tristes. Já procurei o promotor de Justiça, Dr. Vandeci e
perguntei o que fazer. Não estamos mais recebendo pacientes. Os de longa
duração já foram encaminhados às suas residências e estamos fazendo o
possível quanto aos demais. As famílias estão cientes do que está
acontecendo”, disse a gestora, garantindo que todos os órgãos foram
alertados para a crise do São Vicente.
“Há um ano que venho alertando sobre esta crise. Avisei aos juízes,
promotores e todos os políticos de Serra Talhada e região. Recentemente o
deputado Augusto César nos procurou e disse que faria o possível para
nos ajudar. Por outro lado, o Dr. Clóvis Carvalho vai conversar com o
governador do Estado e com o secretário de Saúde, para buscar uma
solução. Todo mundo diz que não é para existir manicômio, mas aqui não é
um manicômio, mas um hospital psiquiátrico de qualidade. O melhor do
interior de Pernambuco”, enfatizou Socorro Lucena.

FUTURO DOS INTERNOS

Após  mostrar ao Farol todas as dependências da
unidade, limpas, conservadas e tudo muito organizado, Socorro Lucena diz
estar apreensiva com relação ao futuro dos internos. Alheios, eles que
fazem cinco refeições por dia, além dos cuidados de higiene e nutrição,
nem imaginam que no dia 1º de outubro uma outra realidade, muito mais
adversa, será descortinada.
“Dos 59 municípios que o hospital atende, 30 têm Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS) e 29 não têm. Os pacientes vão para onde? para
cadeia? para hospitais gerais?. Tem cidades que nem hospitais gerais
existem. Estamos num mês de prevenção de suicídios. E se eles
(pacientes) matarem ou se matarem? como vai ficar? quem será
responsabilizado por isso?”, questiona a médica, que garantiu não ter
mais condições de cumprir com os compromissos e despesas do Hospital
Psiquiátrico São Vicente.
“O governo paga R$ 49,70 por paciente que faz cinco refeições por
dia. Tem os remédios, a folha de pessoal, tributos e muito mais. Não
suportamos mais”, lamentou.
Reportagem do Farol de Notícias.

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