A reforma que não virá.

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Lava Jato, hoje, é “imexível”. Todos os políticos que acharam que
teriam força para estancá-la quebraram a cara. Alguns foram até presos.
Mas essa situação não vai durar para sempre. E nem é desejável que dure.
O ideal é que baixos níveis de corrupção sejam uma consequência do
desenho institucional do país, não de campanhas esporádicas que só se
sustentam porque conseguiram angariar uma boa dose de apelo popular.
Nesse
contexto, é imprescindível que o Brasil proceda a uma reforma política.
Se não o fizermos, é muito provável que, dentro de um par de anos,
depois que os ventos moralizantes tiverem amainado, opíparos esquemas de
desvio de dinheiro público voltem a instalar-se.

Cuidado,
não estou aqui fazendo coro ao discurso de alguns políticos de que é o
sistema que os faz delinquir. O pressuposto de nossa civilização é o de
que existe a responsabilidade individual. Todos aqueles que aceitaram
caixa dois ou propina podem e devem responder por suas escolhas. Mas
punir quem precisa ser punido não nos exime de buscar uma configuração
institucional que, se não chega a inspirar um comportamento virtuoso, ao
menos não estimule a roubalheira. Para tanto, é fundamental reduzir
drasticamente o custo das campanhas.

Os
caminhos para fazê-lo são mais ou menos conhecidos. A introdução de
listas eleitorais definidas pelos partidos em vez do voto nominal é uma
possibilidade, embora soe particularmente suspeita no momento. O voto
distrital também é uma alternativa (minha preferida).

Lamentavelmente,
as discussões no Congresso apontam para uma reforma muito mais modesta,
que se limita a aumentar o repasse de dinheiro público para os partidos
(o que beira o imoral) e tomar tímidas medidas para tentar reduzir o
número de partidos políticos. Precisamos de muito mais, ainda que as
mudanças possam vir de forma escalonada.
 Hélio Scwartsman – Folha de S.Paulo.

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