completa nesta sexta-feira 75 anos. Contrariando muita gente, ele não é
um senhor de cabelos brancos, bigode grosso e que passa os dias sentado
em uma cadeira de balanço contando histórias. O Rei, reverenciado no
mundo muito antes de sair de campo e se tornar lenda, ainda está na
ativa. Nesta semana, desembarcou na Índia para fazer a alegria de
milhares de pessoas, apaixonados por ele e pelo futebol. A única coisa
que queriam era tocá-lo.
vez no jogo do New York Cosmos contra o Santos, no dia 1.º de outubro,
no Giants Stadium, em Nova York, nos Estados Unidos, atuando um tempo
para cada lado. Tinha 36 anos. E nunca foi esquecido. Continua apertando
a mão de gente famosa, de presidentes a papas, mas sempre que pode se
refugia onde mais gosta de estar: em sua casa com a mulher, filhos e a
criançada. Pelé é um senhor humilde, emotivo e bastante feliz.
como uma troca do fêmur por desgaste e que o impedia de andar, Pelé
ainda não completou a sua missão. À reportagem, revelou três desejos aos
75 anos, que ele espera festejar com a família, como nos almoços de
domingo. Aliás, seu maior desejo é que os familiares continuem unidos e
com saúde. Pelé tem três filhos do primeiro casamento e mais dois do
segundo, além da Flávia, fisioterapeuta que o tem acompanhado desde a
primeira internação e susto.
imagens imortalizadas que o mundo se acostumou a ver. Está mais
encurvado. Precisa, por vezes, se apoiar em algo ou alguém para se
manter ereto. Perdeu peso. Sua saúde é monitorada mais de perto. Nas
ocasiões em que esteve internado, mudou a rotina do hospital em um
grande teste de popularidade. Funcionários choravam só de vê-lo passar
no corredor. Seu carisma continua em alta em todas as camadas da
sociedade. “A Flávia só me puxa a orelha quando não cuido da saúde, mas
graças a Deus, estou recuperado”, garantiu.
contrato, tendem a diminuir. É promessa, diz. O desgaste é cada vez
maior, embora consiga descansar nos voos. Pelé tem um ritual nos aviões,
do qual não abre mão: pede para a aeromoça o acordar somente na
aterrissagem. Não come nem bebe. Também não se livra dos sapatos nem se
desarruma na poltrona. Dorme do começo ao fim da viagem.
postulantes ao trono ficar pelo caminho. Ninguém nunca chegou nem perto
dele. Maradona foi quem mais se aproximou. Ronaldinho Gaúcho e Messi não
são metade do que foi. Sempre que um jogador se destaca no futebol
surge a notícia de que um “novo Pelé” está sendo forjado. O Rei nunca
acreditou em substituto. Seu reinado morrerá como ele.
palpites furados no futebol. Disse que o Brasil ganharia a Copa do Mundo
de 2014. Deu no que deu. Agora aposta tudo no time de Dunga. “Não
ficaremos fora da Copa da Rússia”. Esteve recentemente do lado de
Blatter para mais quatro anos de mandato antes de a corrupção ser
estourada na Fifa. Agora vê amigos do passados, como Beckenbauer,
enrolados em esquemas de propinas.
anos: “que o planeta tenha mais igualdade” e “que o mundo possa viver em
paz”, como cantou John Lennon, com quem se encontrou nos Estados Unidos
no fim da década de 70. Daí a dúvida de apostar que um dia Pelé vai
mesmo sossegar e tomar seu lugar na história, de camarote, vendo a vida
passar.
Por Robson Morelli – São Paulo