Rai Di Serra e Assisão em Serra Talhada |
Assisão durante show |
Entre o compacto duplo na Rozenblit e o primeiro LP se passaram 15 anos. Sua fama como compositor levou a extinta Beverly a lançá-lo nacionalmente no álbum faz e diz, um disco todo autoral: “Acho que demorou também porque nunca morei no Rio ou São Paulo. Até hoje é indo e voltando”. Este vai e volta não foi empecilho para que ele tivesse discos lançados elas maiores gravadoras do país: RCA e EMI e as extintas Copacabana, Chantecler, Continental: “Até agora foram 48 discos. Com o recorde de 300 mil de Pau nas coisas. Só pequenininha tem mais e 250 regravações, de Elba, Trio Virgolino, Frank Aguiar, e por aí vai. Tenho umas 700 músicas, tudo feito sozinho. De vez em quando a gente dá umas parcerias. Quando estrela guia, que Fagner gravou, passou a tocar muito no exterior, Pedro Cruz, da RCA, pediu pra botar o nome dele. Argumentou que com o nome dele, era mais fácil o dinheiro chegar pra gente”.
Pouca gente sabe que o adolescente Assisão pensava em ser médico. O pai o mandou para o Recife estudar no Salesiano, para que ele se preparasse para o vestibular. Francisco de Assis Nogueira, no entanto, desde os onze fazia forró, e desistiu da medicina antes de entrar na faculdade: “Um dia eu vinha pela Conde da Boa Vista, ia passando um carro peguei uma carona e só fui parar em Serra Talhada”, conta Assisão, o forrozeiro indie (de independente mesmo), que desde o início da carreira nunca seguiu modas, nem se alinhou a grupos, ou associações de classe: “Eu queria saber destas associações de forrozeiros não o que eles estão fazendo agora, ou já fizeram, mas o do futuro dos forrozeiros. Quantos forrozeiros existem por aí passando fome? A lagartixa passeando por baixo das panelas da casa deles, porque não tem fogo acesso? Jackson do Pandeiro morreu lascado, e Luiz Gonzaga no fim da vida também não tinha dinheiro”, questiona, e ensaia uma frase efeito: “Do jeito que anda, o forró vai acabar. Quem fazer o forró no São João é Lady Gaga”.