Vassourada da governadora Raquel Lyra exonera 2,5 mil servidores.
Assim começa o novo Pernambuco.
O clima nas repartições públicas estaduais ao longo do dia de ontem ficou em polvorosa com a vassourada da governadora Raquel Lyra (PSDB). Em decreto, a tucana exonerou todos os cargos comissionados, algo em torno de 2,5 mil servidores. Só na Saúde, segundo o Sindicato dos Médicos, mais de mil funcionários foram atingidos, abandonando seus postos de trabalho e com isso comprometendo a qualidade no atendimento nos hospitais.
Alguns ainda foram para seus locais de trabalho, na esperança de serem vistos e lembrados. No entanto, os novos secretários já começaram a dispensar a turma. Sem previsão de reforma administrativa, a nova gestão começa a passar o claro recado: quem trabalhou no governo do PSB, encerrado em dezembro, não terá vez. Não terá separação do joio e do trigo. É quase como uma lepra.
A reação não é tão surpresa assim. Afinal, a imensa maioria dos comissionados, quando largava do expediente, estava bandeirando para Danilo Cabral (PSB) no primeiro turno das eleições. O mesmo foi feito, em menor escala, para Marília Arraes (Solidariedade), no segundo turno. Nada mais natural. Porém, em qualquer governo ou gestão existem os comissionados partidários e aqueles que exercem funções mais técnicas, que sequer são filiados e até trabalharam em governos de diferentes colorações.
Isso, ao menos neste primeiro momento, não está sendo levado em consideração. A ordem aparente é limar quem trabalhou para o PSB. Esta é a primeira transição problemática em mais de duas décadas. Mesmo o período entre os governos de Mendonça Filho e Eduardo Campos, em 2006, não foi marcado por tensões. Aliás, foi o próprio Mendonça quem exonerou toda a equipe em seus últimos atos de dezembro, permitindo que o adversário que saiu vencedor pudesse começar 2007 com sua própria equipe.
Como Raquel só anunciou o secretariado completo praticamente no réveillon, ninguém conseguiu uma interação com a equipe anterior. E ainda por cima não há previsão do projeto da reforma administrativa ser enviado para a Alepe – e muito menos votado, já que o clima dos deputados com o novo governo é de extrema tensão. E assim começa o tão falado “novo Pernambuco”.